Page 108 - Talvegue
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     ENTRE  NÉVOAS INCERTAS
                  Um poema imprudente
                  Hei de escrever  agora
                  No vazio  incongruente
                  O real em si vigora
                  Aniquilarei  o verso
                  Nítido  pelo mistério
                  Vertendo  assim  imerso
                  Sem efeito  deletério
                  Entre  névoas incertas
                  O espectro de um vírus
                  Ronda as ruas desertas
                  Medalhas  e papiros
                  Estamos  imunes  ao não?
                  Escreverei  versos livres
                  Nenhum  risco foi  em vão
                  O meu traço aqui  deixei
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