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OS OITO DEGRAUS DA CARIDADE
Existem oito degraus no dcvcr da caridade:
O primeiro c mais baixo degrau c dar, mas com relutância ou con
tra a vontade. Esta c a esmola da mão, não do coração.
O segundo é dar alegremente, mas não proporcionalmente à necessi
dade do sofredor.
O terceiro é dar com alegria c em proporção, mas só depois de soli
citado.
O quarto c dar alegremente, cm proporção c sent ser solicitado; pondo,
entretanto, a esmola na mão do pobre c nele provocando, assim, a dolo
rosa emoção da vergonha.
O quinto é dar de maneira tal que o necessitado receba a esmola e
saiba quem é o seu benfeitor, sem ser-lhe conhecido. Assim agiam alguns
dos nossos antepassados, qtte costumavam amarrar o dinheiro nas abas tra-
zeiras das roupas, paru que os pobres o pudessem tirur sem serem vistos.
O sexto degrau, ainda mais elevado, e conhecer os beneficiários da
nossa caridade, sem que eles saibam quem som os. Assim procediam aque
les dos nossos antepassados que' levavam suas dádivas caridosas para as
moradius dos pobres, precavcndo-sc para que os seus próprios nomes per
manecessem ocultos.
O sétim o é ainda mais louvável, a saber: distribuir as esmolas de mo
do tal que nem o benfeitor saiba quem são os auxiliados, nem estes o
nome do seu benfeitor. Isto faziam os nossos avós caridosos no Templo.
Pois naquele santo edifício existia um lugar chamado C âm ara, do Silêncio
ou da Inostentação, onde os bons depositavam secretamente o que seu
generoso coração lhes sugeria c do qual as mais respeitáveis famílias pobres
eram sustentadas, com igual discrição.
Finalm ente, o oitavo c mais meritório degrau, é antecipar a caridade,
evitando a pobreza, a saber: ajudar o irtnão empobrecido, seja com um
presente considerável, seja ensinnndo-lhe uma profissão ou cstabelcccndo-o
no com ércio, para que ele possa ganhar honestam ente a sua vida e não seja
forçado a estender a mão para a caridade. Ê u isso que a Escritura se
refere quando diz. “E quando teu irmão* empobrecer, e as suas forças decaí
rem, então Sustentá-lo-ás, c assim ao estrangeiro e ao peregrino para que
viva contigo"*.
Este é o mais alto degrau, — É o cume da “ESCADA D E OURO
D A C A R ID A D E ”.
Malmônldes: "lud. Matnot-Aniím" X. t-14
* “N ão está escrito ‘o homem pobre’ — diz o Talmud — mas 'o -teu
irmão', pata m ostrar que ambos são iguais". ___ _