Page 26 - Deuses, Therians e Renegados: Origem. E-Audiobook vol.1
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Como é pouco provável que aqui volte, tenho de arranjar
            maneira de levar tudo o que me faz mais falta.

                   Como  é  que  ela  se  atreve  a  chamar-me  seu  sobrinho!
            Isto  é  bluff  …  de  certeza.  Deve  ser  tudo  inventado.  Não  faz
            muito  sentido  …  porque  só  veio  agora  buscar-me?  Contudo,

            tenho de admitir que algo nela me parece familiar! Mas porquê?

                   Será mesmo verdade? Será mesmo minha tia? Mas eu
            não tenho família? Pelo menos até agora.
                   Dirigi-me  para  a  saída  do  orfanato,  passando  pelo

            quarto  das  crianças,  atravessei  o  jardim  onde  tentei  guardar
            comigo o odor daquelas laranjeiras, de seguida passei junto ao
            refeitório  e  à  sala  de  reuniões,  chegando  ao  corredor  que  me
            levaria à saída daquela casa, que me acolheu durante quase 10
            anos.  No  final  do  corredor,  no  hall  de  entrada,  encontrei-a

            esperando por mim com um sorriso nos lábios.
                   Quando  a  Liz  abre  a  imponente  porta  da  saída,  de
            madeira  de  carvalho,  a  luz  intensa  do  sol  penetra  naquele

            espaço e quase me deixa cego, ao mesmo tempo que ilumina a
            pele branca da minha tia, dando-lhe um ar angelical.

                   Ao descer a pequena escadaria da entrada do orfanato,
            reparo em duas pessoas que me aguardam.   Noé, com a bata
            da cozinha ainda suja de farinha e, a Alice, sempre com ar bem-
            disposto. Aproximam-se de mim para se despedirem.

                   Depois de uma pequena conversa, abraços apertados e
            de me desejarem uma boa viagem, Noé cruza os braços e diz:


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