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A PROGRAMAR
SEO e Desenvolvedores: unindo esforços para o desenvolvimento
É comum haver estresse entre SEOs e programadores. dade. Identifiquei também que o uso de um ccTLD (country-
Como profissional SEO que está em contato com outros profis- code top level domain) prejudicava a visibilidade do site em
sionais da área em todo o mundo e constantemente ouvindo as outros países, onde o cliente pretendia expandir suas ven-
mesmas queixas, percebi que o motivo é muito simples: falta das.
de diálogo entre profissionais e equipas.
O site era responsivo e maravilhoso, mas os botões
De um lado, programadores que percebem muito de CTA ficavam demasiadamente ofuscados pelo design e pas-
código e pouco de SEO. De outros, SEOs que percebem de savam quase desapercebidos em meio a tantos pontos cinti-
performance e, por vezes, pouco de código. O SEO trabalhará lantes no layout, o que refletia em taxas de conversão bai-
sobre o site e o backoffice construído antes pelo programador, xas. A beleza do site prejudicava a performance, causando
logo, qualquer falha no processo anterior causará falhas no um tempo de carregamento de quase 7seg para uma página
trabalho do SEO. completa, o que prejudicava também o posicionamento nas
buscas (logo, a visibilidade do site, que era tão eficiente
Por outro lado, há muitos programadores que trabalham quanto um cartão de visitas impresso em cartão – já que
autonomamente ou em empresas cujo foco não é SEO, mas ninguém encontrava sozinho). Apesar de ter um código fonte
que compreendem a necessidade de algum conhecimento no organizado, bem estruturado e limpo, isso era, para o SEO,
assunto seja para entregar um melhor trabalho para o cliente um mau fator, uma vez que cada espaço que não seja estri-
ou para destacarem o próprio serviço. E, na realidade, o ideal é tamente necessário para a página adiciona tempo de carre-
que essas duas áreas andassem de mãos dadas. Vejamos gamento (seja espaço em branco ou caracter a mais).
como integrá-las!
Com um estudo de palavras-chaves, identifiquei as
categorias macro e micro que seriam utilizadas no próximo
SEO antes de desenvolver o site site B2B; com análise do comportamento dos usuários, feito
no Analytics, identifiquei quais páginas tinham pior engaja-
Alguns meses atrás, eu preparava uma proposta para a mento (tempo de permanência, taxa de rejeição e abandono)
criação de um novo site de um cliente. Minha parte era fazer a e analisei os elementos que poderiam estar causando essa
análise do atual website (B2C) do ponto de vista de Analytics e má experiência. Eram páginas com navegação confusa, que
SEO de modo a preparar o terreno para o novo site (B2B).
não deixavam claro para o usuário onde estava e para onde
Se SEO é otimização para motores de busca e se análi- ir a seguir, bloqueavam o menu enquanto era preciso fazer
se de dados pressupõe dados existentes de um site que já scroll para ver a próxima categoria, botões CTA pouco desta-
existe, como ambos poderiam ser utilizados para um site que cados e muita informação sobrecarregando a decisão do
ainda não foi lançado? usuário.
O que eu fiz foi analisar como os usuários interagiam Tudo isso serviu de base para que a equipa de pro-
com o site atual, como estava a performance nas buscas e no gramadores preparasse o próximo e novo site, que saiu –
engajamento para lançar as bases (sólidas) do próximo site. modéstia à parte – maravilhoso na perspectiva de UX/UI.
Afinal, um site novo começa do zero enquanto os concorrentes Funcional, mantendo o princípio de “encher os olhos”
já estão a fazer o dever de casa há muito tempo. Com essas que trazia seu antecessor, otimizado para buscas, orientado
informações, preparei as orientações para a equipa de progra- para conversão. E quando comecei o trabalho de SEO e
madores: considerações sobre a estrutura do site (arquitetura marketing de conteúdos… O backoffice era o novo problema.
de informação), layout, categorias, botões CTA (call-to-action),
UX, UI e adiante.
O site que estava a ser analisado era português e tinha SEO antes de desenvolver o backoffice
vencido um prêmio anual global de design e desenvolvimento O backoffice era incrivelmente intuitivo: fácil para gerir
(Awwwards). Um layout incrível e atrativo que enchia os olhos, os menus e hierarquias das páginas, fácil de inserir imagens
com toques de gamification e e-commerce integrado. Mas que e novos conteúdos, fácil de gerir receitas e produtos do e-
não era facilmente encontrado nas buscas, o que é quase co- commerce. Contudo, não era nada “SEO friendly”.
mo não existir.
Para criar uma nova página, não tinha acesso ao có-
Com as análises, vieram as respostas: as categorias digo fonte, nem tinha opção de utilizar as tags “meta title”,
não correspondiam às buscas dos usuários que procuravam “meta description”, canonical, paginação, edição da URI ou
serviços B2B, o que implicaria uma nova organização de cate- tag nofollow. Se você não confia o bastante no seu cliente
gorias (macro e micro). Havia landing pages que eram essenci- para deixar o código fonte editável na criação de novas pági-
almente páginas órfãs: ligadas a lugar algum, acessíveis ape- nas, então ao menos disponibilize que essas tags possam
nas por um link que não estava listado no website. Sem site- ser utilizadas no backoffice para cada página.
map, sem robots.txt, sem o mínimo de indexação e acessibili-
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