Page 7 - Revista Escolha Cuidar Bem_Neat
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4) ACP é para voce que gosta de acompanhar seu cliente com
empatia sem precisar dizer a ele o que fazer
por Dr Alexandre Trzan Avila
Rio de Janeiro/RJ
Endereço para acessar seu Currículo Vitae: http://lattes.cnpq.br/3817254480566461
Nao tem como transformar atitude em técncia, entao estar atuando como terapeuta humanista/ACP
é um modo de ser. Pode até ser que no início voce fique como que memorizando as condiçoes
básicas. O problema que vejo é que voce pode entrar na psicologia com essa mania do mundo de
interpretar, isso se ensina mais ainda na graduaçao e quando se ve diante da disciplina de
humanismo e existencialismo pode se surpreender por que ali nao é essa lógica.
Estamos em dois campos de atuaçao clínica: uma é se voce escolhe ser o terapetua que sabe de
tudo, e o outro que nao está ali interpretando e dizendo o que o cliente é. As pessoas estao
acostumadas a ver seriados em que 'ah voce mexeu assim com a mao entao significa que...': isso
desconsidera a cultura e o que aquilo significa para ela. Outro exemplo é sobre sonhos: para uns
sonhar com cavalo é x, para outros y, entao quando a psicologia começa a trazer essas 'receitas de
bolo' é de um perigo grande. Cada um tem seu modo muito próprio de ser e a ACP prioriza isso.
Acho uma pena isso que em geral o pessoal faz.
Estamos em outra posiçao. Como o modo de ser de cada um é único, por mais que encontre
semelhantes, é uma aposta na singularidade. Filmes europeus mostram as sutilezas de personagem
bom e mau, diferente dos norte-americanos em que toda pessoa boa é assim; e nao é assim, na
clínica a pessoa está como um todo. Entao, se for para teu cliente ouvir de ti aquilo que todo
mundo já diz para ele, nao precisa de voce. Se ela quer seguir tudo o que o mundo já diz tem outras
formas de fazer isso, seja o que quiser. Tem os gostos culturais, por exemplo, o chimarrao, que é uma
marca e para aquela pessoa faz aquele sentido. Mas, imagina que um gaúcho que nao gosta de
chimarrao, como voce vai dizer pra ele que tem que tomar? Assim como tem o carioca que gosta de
chimarrao.
Esse respeito pelo ser faz trazer a grande pegada da psicologia humanista: aquilo que funciona para
aquela pessoa nao funciona para o outro, por exemplo, que para ser produtivo tem que levantar
cedo. Tem tantos elementos em jogo para antes achar que voce pode dar dicas a seus clientes. Até
pode ter pessoas que mudam com a auto ajuda, mas com o tempo ela se mostra ineficaz. Um espaço
para a melancolia, o tédio, a desmotivaçao e até o luto sao espaços que se abrem na existencia e que
nao sao mediados pela vontade, é por que para mim se tornou possivel. Quando voce experimenta o
tédio nao existe auto ajuda que supere isso. Se vem um cliente para voce que recem passou por um
término nao vai adiantar voce dizer coisas para essa pessoa sobre o que ela deve fazer.
Rogers até chocou alguns da área porque constatou esse reconhecimento do sueito como dono da
vida dele e o terapeuta acompanhando com empatia, que virou um 'chavao' como sendo uma
técnica ensinada, mas Rogers traz como encontro visceral com o outro. Nessa perspectiva é que se E
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acompanha o cliente na existencia dele, coisa que nao conseguiu em outro espaço e passando a O
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tomar decisoes a partir do locus interno: isso tem um valor inestimável. Tem muitas falas por aí H
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que trazem isso e que sao de Rogers: ele que sistematizou e pensou a clínica assim. Em um mundo
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técnico voce pode sentir dificuldade inicialmente, e no seu jeito de ser pode aprender uma atitude I
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fenomenológica para se atentar a pessoa e nao ao diagnostico ali no seu trabalho. A
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