Page 4 - fimoficial
P. 4
INTRODUÇÃO
Cansaço, rapidez, lentidão. Essa foi a síntese das aproximadamente
quinze horas passadas dentro de uma estação do Metrô de São Paulo,
a principal forma de locomoção paulista. Das cinco da manhã até as
oito da noite, vi muitas pessoas, muitos destinos, muitos motivos: até
o trabalhador atrasado das seis e meia, ao morador de rua das três da
tarde. Foi uma experiência não só fotográfica, mas também pessoal,
usando do privilégio de sentir ócio no meio de tantas pessoas indo
a algum lugar. Uma aura pesada de exautão e lentidão abarca toda
as pessoas da estação: os passageiros, os funcionários, os visitantes
inertes, todos são lentos ao serem comparados com os trens, que estão
em uma velocidade tão absurda, que cansa. A velocidade com que as
coisas vêm e vão é de um vazio poético, e ao ser observado através de
lentes desfocadas e forçadas à contemplação (minhas próprias lentes
e as lentes da câmera), esse vazio começa a se parecer com o fluxo da
vida, assim como todas as outras coisas feitas pelos seres humanos.