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     INTRODUÇÃO
                                                                                                                                                                                                        Cansaço, rapidez, lentidão. Essa foi a síntese das aproximadamente
                                                                                                                                                                                                        quinze horas passadas dentro de uma estação do Metrô de São Paulo,
                                                                                                                                                                                                        a principal forma  de locomoção  paulista. Das cinco  da  manhã  até as
                                                                                                                                                                                                        oito da noite, vi muitas pessoas, muitos destinos, muitos motivos: até
                                                                                                                                                                                                        o trabalhador atrasado das seis e meia, ao morador de rua das três da
                                                                                                                                                                                                        tarde. Foi uma experiência não só fotográfica, mas também pessoal,
                                                                                                                                                                                                        usando do privilégio de sentir ócio no meio de tantas pessoas indo
                                                                                                                                                                                                        a algum lugar. Uma aura pesada de exautão e lentidão abarca toda
                                                                                                                                                                                                        as pessoas da estação: os passageiros, os funcionários, os visitantes
                                                                                                                                                                                                        inertes, todos são lentos ao serem comparados com os trens, que estão
                                                                                                                                                                                                        em uma velocidade tão absurda, que cansa. A velocidade com que as
                                                                                                                                                                                                        coisas vêm e vão é de um vazio poético, e ao ser observado através de
                                                                                                                                                                                                        lentes desfocadas e forçadas à contemplação (minhas próprias lentes
                                                                                                                                                                                                        e as lentes da câmera), esse vazio começa a se parecer com o fluxo da
                                                                                                                                                                                                        vida, assim como todas as outras coisas feitas pelos seres humanos.
     	
