Page 5 - fimoficial
        P. 5
     INTRODUÇÃO
                              Cansaço, rapidez, lentidão. Essa foi a síntese das aproximadamente
                              quinze horas passadas dentro de uma estação do Metrô de São Paulo,
                              a principal forma  de locomoção  paulista. Das cinco  da  manhã  até as
                              oito da noite, vi muitas pessoas, muitos destinos, muitos motivos: até
                              o trabalhador atrasado das seis e meia, ao morador de rua das três da
                              tarde. Foi uma experiência não só fotográfica, mas também pessoal,
                              usando do privilégio de sentir ócio no meio de tantas pessoas indo
                              a algum lugar. Uma aura pesada de exautão e lentidão abarca toda
                              as pessoas da estação: os passageiros, os funcionários, os visitantes
                              inertes, todos são lentos ao serem comparados com os trens, que estão
                              em uma velocidade tão absurda, que cansa. A velocidade com que as
                              coisas vêm e vão é de um vazio poético, e ao ser observado através de
                              lentes desfocadas e forçadas à contemplação (minhas próprias lentes
                              e as lentes da câmera), esse vazio começa a se parecer com o fluxo da
                              vida, assim como todas as outras coisas feitas pelos seres humanos.
     	
