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olhos. É como se ela tivesse feito votos
de casamento com a equipe. “Faço ques-
tão de estar junto com os voluntários, na
alegria e na tristeza, e de estreitar laços
com os funcionários do hospital e par-
ceiros, pois são eles que impulsionam o
nosso trabalho”, afirma. O segredo do
sucesso é a empatia. “Às vezes, não te-
mos possibilidade de atender os pedi-
dos das pessoas. Aí eu penso: e se fosse
comigo?”, reflete. Quando isso acontece,
Lidinha e equipe se desdobram para dar
soluções aos problemas. Inúmeras vezes,
ela “desvestiu um travesseiro para forrar
uma cama”. No outro dia, de um jeito ou
de outro, encontrava o lençol certo para
cobrir o colchão.
A V.EN.C.ER faz aproximada-
mente cinco mil atendimentos por mês
distribuídos nos setores de alimentação,
higiene, costura e beleza. Os 160 volun-
tários se dividem em turnos matutino e
vespertino de três horas cada. “Gasta-
mos 48 litros de leite, 16 sucos de caju
concentrados e 3,5 kg e meio de café por
dia”, aponta. Os alimentos são servidos
nos lanches. Na sede, há uma fábrica
de fraldas que produz cerca de 4,5 mil
unidades por mês e supre as necessida-
des dos pacientes internados e em tra-
tamento domiciliar. Outro setor é o de
costura, que produz vestuário hospitalar
como capote, campo cirúrgico, camiso-
la, pijama, fronha, toalha e hamper. A
beleza também tem espaço. A associa- Arthur Matos
ção recolhe cabelo para um parceiro de
São Paulo fazer perucas. Ela conta com
dois bazares: Pechincha, feito uma vez Lidinha Borges - presidente da V.EN.C.ER
por mês, e Mãos Solidárias, realizado no
Dia das Mães e no Natal. Quando possí- tica de boa vizinhança. As doações são monitoradas e organizadas. “Se uma pessoa
vel, faz doações de medicamentos para nos encontrar no hospital e quiser doar dez reais, não aceitamos. Ela tem que vir
o hospital e, frequentemente, participa aqui na sede para fazer a doação mediante recibo”, esclarece. O procedimento é ne-
de eventos para angariar fundos. “Tudo cessário para dar conta de tantas atividades ao mesmo tempo. A comunidade pode
que se refere aos pacientes diz respeito ter acesso ao serviço realizado através da prestação de contas realizada em divulga-
a nós”, resume a presidente. Os volun- ções na imprensa e em uma assembleia anual.
tários trabalham exaustivamente não só Lidinha revela que, quando faltam itens para os atendimentos, ela mesma
para entregar produtos como para resga- vai até as empresas para conversar com os diretores. “Eu peço. Não estou pedindo
tar cidadania e autoestima dos pacientes. nada pra mim, estou pedindo para os outros. Tem hora acho que tenho que andar
Antes das mãos cheias, eles estão com de ré. O povo não pode nem ver minha cara mais! Ele deve pensar: - Lá vem ela de
os ouvidos atentos e os sorrisos abertos novo. Mas não me nega nada”, comemora, aos risos. Todos podem contribuir com
para acolher quem necessita. Para ser a causa solidária. “Não custa nada abrir mão do conforto do seu lar, da companhia
um voluntário, Lidinha destaca algumas da sua família e dos seus amigos para servir o próximo. Ser solidário é muito bom!
características: boa vontade, compromis- Lucro mais do que as pessoas que estou ajudando porque é uma realização feita de
so, pontualidade, disponibilidade e polí- coração. Carrego a certeza do dever cumprido”, finaliza.
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