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ARTIGO | Eli Moraes

            25 anos de privatização




            Nossa homenagem àqueles que construíram o Brasil, sobre os trilhos da

            nação, no ano em que completamos 25 anos de privatização da ferrovia.


                  ferrovia completou, em 5 de março (desde   de 75% da produção no país.
                  1996), 25 anos de privatização. Nossa regio-  No Mato Grosso do Sul, a circulação de trens
                  n
            A l foi a primeira a ser privatizada, entre     hoje é concentrada em alguns trechos. Desde
                    a
            as 10 existentes, e o processo foi concluído em   então, é uma ferrovia quase fantasma, por onde
            2005, com a queda na movimentação de cargas     passam somente 2 trens por mês, que transportam
            e falta de manutenção de trilhos, entre outros   ferro para a Bolívia e só não é desativada por força
            problemas. As ferrovias brasileiras chegaram a   de contrato. 5 trens diários ligam Corumbá/Puerto
            esse ponto por uma questão muito simples:       Suarez e Ladário. Restam apenas 25 funcionários
            falta de investimentos.                         em Três Lagoas/MS e 43 em Corumbá/MS. Outros
               O presidente da FEFAPI, ferroviário e sindicalista   5 trens operam em Três Lagoas para a interligação
            Valdemir Vieira, expõe com tristeza de um vetera-  com a hidrovia, no transporte de cargas.
            no ferroviário que dedicou sua vida, como tantos   No auge da sua operacionalidade, o trem
            outros, ao trabalho nos trilhos, a condição atual   transportava 68% da matéria prima da movi-
            em que se encontra o patrimônio. “A solução que   mentação no Estado, além dos passageiros.
            foi adotada era a única que não podia ser feita,   O transporte de cargas era responsável pela
            que é a indiferença. A indiferença dói na gente”.  circulação do petróleo, minério, farelo de soja,
                A principal marca da privatização foi a explo-  açúcar, milho, cimento, vergalhões, tijolos, telhas,
            ração da mão de obra dos ferroviários e respon-  gado e pequena cargas que percorriam o Estado.
            sabilidade pelo sucateamento de todo o patrimô-  Era o elo mais importante na integração com a
            nio ferroviário. A paralisação de caminhoneiros   rodovia e hidrovia.
            em todo o Brasil, em 2018, trouxe consequências
            imediatas para o abastecimento e escoamento da   Situação do patrimônio da ferrovia
            produção. O cenário evidenciou a dependência       A partir das ações dos governos estaduais
            do país ao transporte de carga rodoviário. Hoje,   anteriores, o patrimônio ferroviário sofreu
            a malha rodoviária é usada para o escoamento    dilapidação e desfiguração, massa falida e























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