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Livro Inesquecível
Os fatores de socialização da leitura e a dimensão sociocultural são aspetos fulcrais a ter em
conta quando se trata de constituir uma comunidade de leitores. Os principais espaços de sociali-
zação na formação de leitores são a escola e a família, e estes dois núcleos desempenham uma
função central. A atividade “Livro Inesquecível”, que decorreu no dia 15 de janeiro, na Biblioteca,
foi uma iniciativa da Comunidade de Leitores da ESMAVC com o objetivo de trazer, à presença
dos alunos, pais/encarregados de educação para partilharem uma experiência de leitura que tenha
sido importante nas suas vidas. Estiveram presentes cerca de 70 alunos do 10.º e 11.º anos e 9
professores para escutar Catarina Martins, Armando Marques Guedes e Margarida Pereira.
A primeira trouxe-nos O retorno de Dulce Maria Cardoso, um romance que retrata o regresso a
Portugal dos portugueses residentes e nascidos nas ex-colónias na sequência da descolonização,
após a revolução de Abril, tendo a encarregada de educação revelado que, à data, tinha apenas
dois anos. Da sua entusiástica exposição, ressaltou a ideia de que, por muito bem que estudemos
e conheçamos a História, é bem mais fácil compreendê-la se a virmos pelo lado do que as pesso-
as sentiram e viveram em cada momento, e esse palpitar de vida é a vantagem de que goza o ro-
mance. Salientou ainda que O retorno é um romance de aventuras, com momentos divertidos e
outros angustiantes, como o facto de as personagens, um rapaz de 15 anos e a sua irmã, terem
de se adaptar a uma realidade completamente nova, por vezes dura e hostil.
Armando Marques Guedes apresentou-nos Dune, de Frank Herbert, um romance de ficção cien-
tífica de meados dos anos sessenta que nos transporta para um futuro distante, governado por um
império intergaláctico feudal onde dinastias planetárias prestam lealdade a uma casa imperial. Mas
se Catarina Martins encontrou, na experiência de leitura que partilhou connosco, um quadro vivo
que a ajudou a ter um conhecimento mais profundo da História, Armando Marques Guedes con-
cluiu, da leitura de Dune, que a Humanidade não aprende nada com a História, ideia que fez ques-
tão de reforçar mais do que uma vez. Fundou a sua convicção no facto de, em contraste com a
evolução da tecnologia, extraordinária a todos os títulos, a evolução política ser quase inexistente.
Para ilustrar, deu o seguinte exemplo lapidar: a primeira ida do Homem à Lua ocorreu um ano de-
pois da última execução por guilhotina em França.
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