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“Queres vir amanhã a Sintra?” – Roteiro Queirosiano

            O convite de Carlos a Cruges, para uma viagem a Sintra, naquela que é a obra-prima queirosiana - Os Maias,
         surge antes do capítulo VIII, onde é descrito o percurso realizado pela personagem e pelo seu amigo maestro, nu-
         ma tentativa frustrada de encontrar Maria Eduarda, a mulher por quem se apaixonou à primeira vista e que vem a
         descobrir ser sua irmã. Fazendo cumprir alguns objetivos específicos e outros definidos nas Aprendizagens Essen-
         ciais da disciplina de Português (estimular o gosto pelo património literário Português; situar Os Maias dentro da
         evolução literária de Eça de Queirós; reconhecer o romance como documento de uma época e como monumento
         literário; interpretar obras literárias portuguesas; reconhecer valores culturais, éticos e estéticos manifestados nos
         textos; compreender e interpretar textos orais), as professoras de Português propuseram a realização de um Roteiro
         Queirosiano e algumas turmas do 11.º Ano da ESMAVC responderam afirmativamente ao “convite”. Dando também
         razão ao locus comunis “ler é viajar”, partiram até à romântica vila de Sintra para reproduzirem o trajeto de Carlos
         da Maia e vivenciar in loco uma pequena parte da “crónica de costumes” queirosiana.
         (Olhem, não se esqueçam de ler Os Maias!)
         A atividade ocorreu em dias e em moldes diferentes para as várias turmas: Assim, fazendo até jus ao tempo da
         ação do romance, a turma do 11.º LH2 realizou a visita no 2.º Período, no “luminoso ar de abril”. Esta turma efetuou
         todo o itinerário guiado pela respetiva professora, Ana Nunes, que apresentou o “convite” aos seus alunos sob a
         forma de um trabalho a realizar previamente pelos mesmos, que consistia na preparação do Roteiro a partir da leitu-
         ra da obra e cuja efetiva concretização lhes conferiria o “passaporte” para a fascinante viagem, na qual eles pró-
         prios, organizados em grupos, apresentaram as informações históricas e turísticas dos lugares constantes no capí-
         tulo VIII, bem como leram e/ou encenaram os excertos correspondentes aos mesmos. O professor André Vinhas
         também acompanhou esta turma.
         As turmas que realizaram a visita no 3.º Período, efetuaram o Roteiro Queirosiano guiado pelos técnicos da Câmara
         Municipal de Sintra. Assim, no dia 29 de maio, as turmas do 11.º SE1 e 11.º LH4 foram acompanhadas pelos pro-
         fessores Ana Margarida Amorim, Salomé Rocha, Carla Barbosa e Ricardo Milheiro e, no dia 3 de junho, as turmas
         11.º CT1 e 11.º CT5 foram acompanhadas pelas professoras Susana Abrunheira e Daniela Diniz.
         (Diabo! É necessário que não se esqueçam de ler Os Maias!)
         O ponto de encontro marcado para o início do roteiro guiado foi o Palácio de Valenças (antigo Palácio Real), no qual
         os guias fizeram uma apresentação geral da vida e obra do autor e descreveram sucintamente a intriga principal e
         os vários episódios de Os Maias. Partindo depois num percurso pedestre, para o centro histórico da vila, em busca
         dos cenários deslumbrantes, a primeira paragem foi ainda na Rua Visconde de Monserrate, com vista para o
         “esplendor” da natureza circundante e para o Palácio da Vila, “maciço e silencioso palácio, sem florões e sem torres,
         patriarcalmente assentado entre o casario da vila, com as suas belas janelas manuelinas (…), e no alto das duas
         chaminés colossais, disformes”, com bastante “cachet”. Os participantes foram ainda brindados com a presença
         representativa do próprio Eça de Queirós que ali estava sentado junto ao NewsMuseum, com um smarthphone na
         mão, parecendo chamar a atenção para um fresco da sociedade atual. Substituindo as carruagens puxadas por ca-
         valos (tipóia, vitória, break, dog-cart, faetonte), transportes característicos da sociedade oitocentista e atualmente
         ainda utilizadas para os passeios turísticos na vila, circulam agora os tuk tuks, triciclos motorizados com as suas
         cabines cobertas de tons luminosos,
         escolhidos da paleta tricromática de
         cores primárias: amarelo, vermelho
         ou azul. Seguiu-se uma pausa na
         Praça da República, para referên-
         cia aos vários hotéis: o atual Hotel
         Tivoli implantado no local do anti-
         go Hotel Nunes, onde Carlos estivera
         instalado, e o Hotel Vitor, que é men-
         cionado no capítulo XIV da obra. A
         visita continuou pelo centro histórico
         da vila, atentando-se no “simpático”
         Hotel Lawrence´s. Os guias
         “retardaram o passo” para descri-
         ções mais pormenorizadas sobre: a
         intriga amorosa; o tema da educa-
         ção; os passeios de burro; as perso-
         nagens Dâmaso, Eusebiozinho, Pal-
         ma Cavalão e as duas raparigas es-
         panholas; o relacionamento de Ega
         com Raquel Cohen. Os alunos tive-
         ram oportunidade de questionar os
         guias, os quais também se referiram
         à antiguidade e qualidade do Hotel.
         Foram ainda feitas referências aos
         escritores Alexandre Dumas, Proudhon e Byron.              (Que diabo, não nos podemos esquecer de ler Os Maias!)

          VOLUME 4, EDIÇÃO 6                                                                             Página  7
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