Page 3 - Newsletter_8_julho_2017
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Terramoto : Como será o nosso fim?                             Considera vivenciar uma catástrofe semelhan-
                                                                     te à que os seus antepassados testemunharam?












           A catástrofe a que nos referimos denomina-se “Terramoto”, mais especificamente o ocorrido
         em 1755, no dia 1 de novembro (irónico não?), que teve um maremoto em simultâneo e que re-
         sultou na destruição quase completa da cidade de Lisboa, não apenas pela violência e intensi-
         dade do fenómeno (magnitude 8,7 a 9), mas agravado pela crise económica sentida no país,
         pela ausência total de infraestruturas consistentes, e pelo analfabetismo da população, fatores
         que contribuíram para aumentar a dimensão da devastação desse desastre natural.

           Gostaríamos de começar por clarificar o conceito de sismo. Um sismo é uma vibração, ou tre-
         mor da superfície terrestre, que ocorre bruscamente num curto período de tempo, corresponden-
         do à libertação de energia, cuja origem é no hipocentro, e sendo o epicentro o ponto à superfície
         onde a sua intensidade é máxima. Em 1755, o sismo de Lisboa foi seguido de um tsunami.

                                                  Terramoto- O epicen-
                                                  tro ocorre em Terra.
                                                  Maremoto- Ocorre no
                                                  mar.
                                                  Tsunami – Ondas gi-
                                                  gantescas, por vezes,
                                                  associadas a um ma-
                                                  remoto.



               As origens do terramoto e do tsunami que destruíram Lisboa e o Algarve há 250 anos conti-
         nuam a ser um mistério, apesar dos avanços científicos alcançados. Entre várias teses, os cien-
         tistas afirmam que este teve origem na falha Marquês de Pombal. Alguns especialistas afirmam
         que “a atividade sísmica da zona a sul do Algarve está ligada à colisão entre as placas tectóni-
         cas da Eurásia e de África. “Quando falamos do epicentro, referimo-nos ao ponto onde se inicia
         a rotura de uma placa tectónica, só que não é bem isso que nos interessa em relação a 1755,
         mas antes a estrutura de 200 quilómetros de extensão que teria de provocar um terramoto de
         grande magnitude".

           A identificação dessa estrutura teve grandes avanços nos anos 90 com o projeto europeu GI-
         TEC, que juntou cientistas portugueses, italianos e franceses. Segundo estimativas atuais dos
         geólogos, o epicentro do terremoto foi a sudoeste da região do Algarve, a cerca de 300 quilóme-
         tros de Lisboa, que provocou um tsunami que afetou todo o Oceano Atlântico, do Oeste da Eu-
         ropa à América do Norte, as Caraíbas e a costa do Brasil. Por fim, a ação de saqueadores e o
         fogo de velas acesas no meio dos destroços causaram múltiplos incêndios que duraram cinco
         dias e colaboraram com a destruição da quase totalidade da capital portuguesa. Como há da-
         dos imprecisos sobre a população portuguesa antes de 1755, a estimativa do número de mortos
         varia de 10 mil a 100 mil.
           O terramoto de Lisboa originou os primeiros estudos científicos do efeito de um sismo numa
         área alargada, marcando o nascimento da sismologia moderna. Tendo o terramoto destruído o
         centro de Lisboa, Marquês de Pombal viu a oportunidade para redesenhar a cidade e transfor-
         má-la numa metrópole moderna, mais resistente a terremotos. Entre 1755 e 1838, foram produ-
         zidos cerca de 340 documentos sobre a reconstrução de Lisboa.


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