Page 4 - Newsletter_8_julho_2017
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Terramoto : Como será o nosso fim? (conclusão)


































                      A única certeza científica é que um terramoto idêntico pode repetir-se a qualquer mo-
         mento. Em 2005, o Laboratório Nacional de Engenharia previu que um grande terramoto matará
         entre 17 mil e 27 mil pessoas, uma estimativa que peca por defeito, porque o grande problema
         continua a residir na falta de resistência da maioria dos edifícios. O engenheiro civil João Apple-
         ton afirma que «Conhecendo a cidade de Lisboa receio que possamos ter riscos acentuados em
         mais de 50% dos edifícios da cidade».
           Atualmente, Lisboa não é a cidade à prova de terramotos idealizada por Pombal. Foi apenas
         em 1959 que o governo criou uma lei obrigando a que os edifícios construídos na cidade fossem
         antissísmicos, o que significa que muitas construções dos séculos XIX e XX desabarão de ime-
         diato em caso de terramoto igual. O País continua a não estar preparado para este tipo de ca-
         tástrofes. A Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica avisa que em Portugal nem sequer
         as escolas, ou os hospitais de São José e de Santa Maria, por exemplo, estão preparados para
         um sismo.
           Até hoje nenhum governo cumpriu a recomendação feita pela Sociedade Portuguesa de Enge-
         nharia Sísmica, a qual clama urgentemente por um plano nacional com objetivos como a redu-
         ção da vulnerabilidade sísmica das infraestruturas hospitalares, escolares, industriais, de trans-
         portes, energia, zonas históricas dos núcleos urbanos e ainda recomenda o reforço do controlo
         da qualidade dos edifícios novos e a obrigatoriedade de segurança estrutural antissísmica nos
         programas de reabilitação urbana.

             A mesma, num parecer enviado ao parlamento, reagiu com a seguinte indignação: «A opção
         do governo é ineficiente, eticamente condenável porque não se preocupa com a salvaguarda da
         vida humana e contraria a recomendação da Assembleia da República».
           A verdade é esta: quando o sismo chegar, a Assembleia da República vai ficar de pé, porque
         recebeu obras de reforço antissísmico, mas os principais hospitais de Lisboa deverão colapsar.
         Irónico, não?

           Na nossa opinião e sabendo que não podemos controlar catástrofes naturais, mas sim prevenir
         os danos, fenómenos como um sismo não estão ao nosso alcance. Defendemos a perspetiva de
         James Hutton, segundo a qual, as leis naturais são constantes no tempo e no espaço, o Princí-
         pio  do  Atualismo  ou  Princípio  das  Causas  Atuais,  as  causas  de  determinados  fenómenos do
         passado são idênticas às que provocam o mesmo tipo de fenómenos no presente: “ O presente
         é a chave do passado”, nada nos indica que um fenómeno desta dimensão não possa aconte-
         cer, visto que o nosso país, a nível de engenharia, pouco difere da engenharia que se encontra-
         va no século XVIII.

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