Page 17 - Cassandra
P. 17

Cena III

         Diogo entra em cena, com fones nos ouvidos, a ouvir música e com as mãos nos bolsos. Encosta-se a uma parede e não pres-

         ta atenção a Pedro. Pedro repara em Diogo, mas desconfia se será quem procura.
         PEDRO (ainda para o público) – Acho que este é que é o Diogo…

         PEDRO (para Diogo) – Diogo, certo?

         DIOGO (tira os fones) – Sim… Porquê?

         PEDRO (aliviado) – Ah, tenho uma mensagem da Helena para ti.

         DIOGO (suspira e revira os olhos) – O que é agora?
         PEDRO – Ela diz que já não quer mentir… E que todas as vezes que trocaste mensagens com a Mia estavas mesmo era a
         falar com ela.

         DIOGO (surpreendido) – A sério? Até os bilhetes que trocámos?

         PEDRO (tenta suprimir uma gargalhada, não com muito sucesso) – Sim, até os bilhetes.

         DIOGO (confuso e magoado) – E a Mia, disse alguma coisa?

         PEDRO – Apenas que era verdade, e que era altura de saberes, porque a Helena é que sempre gostou de ti.
         DIOGO (um pouco confuso) – Uau… acho que devia ir falar com ela, então…

         PEDRO – Boa sorte! (acena)

         Diogo sai.

         PEDRO (para o público) – Isto foi fácil… Estes tipos acreditam em tudo. (Olha para o relógio) Bem, acho que é hora de tratar
         da Tânia. Esperemos que ela seja tão credível como estes dois.

         A cortina fecha.

                                                         Ato III

                                                         Cena I

         Estamos no auditório de uma escola. No palco está uma árvore falsa, algumas plantas, um grande cabide com vários disfar-
         ces e uma cabeça de burro. Tudo adereços para “Um Sonho de uma Noite de Verão”.

         Pedro entra, certificando-se que não está ninguém.

         Pedro chega até ao palco, pega na cabeça de burro e tira um tubo de supercola do bolso. Põe muita na cabeça de burro e tira
         da mochila umas folhas de jornal, enrola-as e cola na base na cabeça.

         Pedro esconde-se atrás das cortinas.

                                                         Cena II

         António entra, assobiando, e desce até ao palco.

         Inspeciona os disfarces, muda ligeiramente as plantas de lugar e repara na cabeça de burro.
         ANTÓNIO (olha para o relógio) – Já são horas de ensaio… Os outros devem estar atrasados… Bem, vou começando a rever
         as falas.

         Coloca a cabeça de burro com dificuldade, não se apercebendo da cola.



                                                            16
   12   13   14   15   16   17   18   19   20   21   22