Page 9 - Jornal escolar "Os Moinhos" nº19
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tação da escola regular a esta realidade específica
se vá encurtando a cada dia.
Apesar de haver concordância em relação ao prin-
cípio da inclusão há quem considere que nem to-
das as crianças, nas quais se incluem as com multi-
deficiência, beneficiam de facto com a frequência
da escola do ensino regular. As escolas de educa-
ção especial são apontadas como instituições es-
este tema, também Marchesi (2001) aponta pecializadas e mais vocacionadas, beneficiando de
N para a necessidade de “mudanças profundas” recursos específicos e equipamentos apropriados
que promovam a integração dos alunos com defi-
ciência com vista a uma “escola aberta para to- As escolas de educação especial são
dos”. apontadas como instituições
A inclusão educativa tem vantagens ao nível da especializadas e mais vocacionadas
socialização das crianças e da construção de rela-
ções entre pares, mostrando-se benéfica para to- para responder às necessidades educativas especí-
das as crianças. Esta inclusão gera bem-estar soci- ficas destas crianças e jovens.
oemocional e felicidade, ao mesmo tempo que A Escola, em colaboração com a família ou institui-
promove a educação para a cidadania através do ção, deverá ter a preocupação de avaliar a situa-
respeito pela diferença, da solidariedade e da coo- ção de cada criança individualmente, na procura
peração social. No entanto, as escolas regulares das respostas mais adequadas a cada aluno e a
ainda não dispõem de todos os recursos humanos cada caso particular, fazendo valer a educação
e materiais que possibilitem uma inclusão total, apropriada a cada criança.
que garanta o sucesso educativo e o desenvolvi-
mento das potencialidades de todos os alunos. Citando Tomás (2012): “A ambiguidade que tres-
Parece-nos importante destacar a premência de passa o discurso sobre os direitos das crianças e a
um maior investimento em termos de acessibilida- dificuldade no acesso por parte daquelas que tan-
des, a aquisição de equipamentos e outros recur- to deles precisam não são uma fatalidade, são um
sos materiais, a formação dos docentes e o recru- desafio para todos aqueles que se interessam pe-
tamento de outros profissionais especializados. É las crianças e pelos seus direitos”.
crucial a existência de uma cuidada adaptação cur- Que todos nós (sociedade) possamos refletir sobre
ricular e mudanças de práticas e mentalidades, a o lugar das crianças com multideficiência entre
começar por todos os envolvidos no processo de nós — comunidade — e lhes possamos “dar voz”
ensino de crianças com multideficiência, para que contribuindo para o acesso a todos os seus direi-
o longo caminho a percorrer em termos de adap- tos de forma equitativa e justa, privilegiando as
suas potencialidades.
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