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com referências do início do século XIX. Nasceu em Antonina, no bairro do
Registro, no ano de 1821, cego de nascimento, cantador e violeiro. Segundo
Nestor de Castro ,
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Bento Cego, era genial na trova e na execução da viola,
nômade, talvez por impulsão da trevosa noite dos olhos, Bento
atravessou muitas vezes as nossas linhas fronteiriças e foi cantar nas
campanhas do Rio Grande, nos sítios catharinenses e em cidades de
S. Paulo e Minas Geraes, deixando por onde andou nítidos fulgores
de espirito - cheios dessas miraculosas divinisações de intelligencia
d’onde irrompem as suas caprichosas creações geniaes. E continua:
Que seja elle o Homero destas regiões do Sul, já que entre ambos tanto
se affinisam os elances da sorte e o condão da imaginação poética.
Não se tem dados quanto a data da morte de Bento Cego, mas
consta que faleceu no Estado de São Paulo, palco do seu sucesso. Conta a
lenda que ele morreu trovando, conforme a máxima da sua poética: “Eu hei
de morrer cantando, cantando me hei de enterrar, cantando irei para o céu,
cantando conta hei de dar.”
Além dele, no Paraná, Júlia da Costa e Emiliano Perneta, dentre outros
renomados poetas paranaenses, já utilizavam em suas composições a trova,
no entanto, este gênero poético consolidou-se no Estado, muitos anos depois.
O primeiro evento literário sobre a trova de que se tem notícias no
Paraná aconteceu em 1959, na cidade de Maringá, qual seja, o I Salão
de Trovas de Maringá, patrocinado pelo jornal A Tribuna. Trabalhos de 44
autores maringaenses foram expostos no saguão do Cine Maringá, ao lado
dos que foram enviados por trovadores de outros estados.
Mas a primeira semente da União Brasileira de Trovadores foi semeada
em Curitiba a partir de 1961, com a criação da delegacia do Grêmio Brasileiro
de Trovadores (GBT), sendo seu Delegado o Dr. Manoel Thomaz Pereira. Em
03 de janeiro de 1963, durante reunião realizada na sede do Centro de
Letras do Paraná, com a presença de Luiz Otávio, transformou-se em Seção,
passando a ser presidido pelo Dr. Vasco José Taborda Ribas. Seus principais
colaboradores foram Heitor Stockler de França, Joaquim Carvalho, Orlando
Woczikosky, Heitor Borges de Macedo, Maria Nicolas, Josette Schwolk de
Fontán e Durval Borges. Nesta oportunidade foram lançados os I Jogos Florais
de Curitiba, cujo tema foi Curitiba; a festividade de premiação aconteceu no
dia 31 de março de 1964. No ano de 1965, o trovador Adalberto Dutra de
Rezende, delegado do GBT na cidade de Bandeirantes, no norte pioneiro,
organizou os I Jogos Florais daquele município, com o tema único solidão;
no mesmo ano, em novembro, com o apoio da Prefeitura do município,
realizou a entrega da premiação com uma grande festividade, que contou
com a presença de grandes nomes do movimento trovadoresco no país,
dos quais destacam-se J.G. de Araújo Jorge, Gilvan Carneiro, Aparício
Fernandes e Carolina Ramos. Nessa oportunidade, Luiz Otávio nomeou
o trovador Antonio Augusto de Assis, também presente no evento, como
Delegado do Grêmio Brasileiro de Trovadores para a cidade de Maringá-PR.
Contudo, a Seção Bandeirantes somente foi fundada trinta anos depois,
em 20 de setembro de 1995, e instalada em 29 de setembro do mesmo ano;
sua primeira presidente foi a trovadora Wanda Rossi de Carvalho.
Em abril de 1966, aconteceu em Maringá o 1º Festival Brasileiro de
Trovadores, que reuniu os mais prestigiados trovadores da época, entre
os quais: Luis Otávio, J.G. de Araújo Jorge, Aparício Fernandes, Barreto
Coutinho, Carlos Guimarães, Carolina Ramos, Colbert Rangel Coelho,
1 Castro, Nestor. Bento Cego. Typ. a vapor Impressora Paranaense. Correia & C. 1902.
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