Page 30 - ARCANO XIII
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este lugar em que estais
           nada mais é que vosso
           próprio pensamento:
           fétido, sujo, estagnado;
           espaço  fora da  curva  do
           tempo.
           todos vós sois os mesmos,
           todos sois iguais,
           todos chamareis João,
           bem como todos os demais.
           aqui nada jamais houve ou
           haverá que não provenha
           deste mesmo nenhum
           lugar  que  é  cada  um  de
           vós ensimesmados em si
           mesmos.

                                            não vos proíbo o aprender,
                                            mas nada pretendo vos
                                            ensinar.  a  sorte  que  vos
                                            cabe é sem norte, colheis
                                            a morte que vivestes a
                                            semear. vos cabe agora esta
                                            não-vida pelo tempo que o
                                            Tempo assim determinar.





                                                                                se aproximardes um dia
                                                                                restituir-vos-ei uma noite,
                                                                                para  que  relembreis  o
                                                                                que  fazíeis  em  vida.  se
                                                                                compreendeis, segues
                                                                                em frente, diminuis a
                                                                                distância  que  te  separa
                                                                                da criança que fostes até
                                                                                que possas vos tornar
                                                                                criança novamente, num
                                                                                dia  inexistente  de  um
                                                                                tempo  ainda  distante,
                                                                                construído num presente
                                                                                em que estais ausente,
                                                                                desaprendendo o que
                                                                                pensavas que sabias.









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