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Capítulo 3 Loop, Mahoo e TilsithTeray
Com espanto Cesar Ninan percebeu que estava voando mesmo sem suas asas
e percebeu também que podia enxergar tudo perfeitamente, mesmo estando
com os olhos bem fechados. E Cesar tinha a certeza de tê-los bem fechados.
Um conhecimento muito antigo e profundo dizia a Cesar, que apesar das
circunstâncias que aconselhavam duvidar da veracidade de tudo o que estava
experimentando nada poderia ser mais real.
Via, lá embaixo, a sombra do seu corpo espichado tal qual trapo esfiapado
balouçando ao vento frio dos Andes. Via as rochas, a vegetação rala e seca
açoitada pelo ar gelado impiedoso, os caminhos cheios de pedras das águas
que desceriam através do vale quando o calor degelasse parte das neves
eternas e via as passagens tortuosas, assombradas por sombras infinitas entre
as gretas das montanhas, todavia ali ainda baixas, mas que cresceriam na
medida em que se embrenhassem cada vez mais para o centro do continente
até atingirem as alturas assustadoras e fantásticas dos picos incontáveis da
imensa cordilheira.
Cesar pairou com leveza nas alturas. Reconhecendo o lugar, percebendo os
movimentos, escolhendo o que fazer a seguir. Imperturbável na sua condição
de espírito invisível.
Pensou na possibilidade de pousar e imediatamente a ação se fez. Pousou
docemente, sem peso, sobre uma grande rocha vermelha que se erguia como
um imponente monólito a poucos metros em frente à entrada da caverna por
onde sabia que a raposa deveria sair.
Tranquilo, Cesar Astu Ninan esperou.