Page 43 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
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poder de envolver os sentidos para se comunicar. Não há nenhum som e nenhuma
                      voz e, no entanto, consegue-se ouvir tudo o que ela diz.”  Explicou o puma e
                      continuou com a descrição da sua aventura.


                       “___Senti que Pequena Morte me fazia um cumprimento tentando ser o mais
                      gentil possível. Fiquei grato porque esta percepção teve o efeito de afastar grande
                      parte do medo e consegui compreender claramente o sentimento que ela me causava
                      e que era sua narrativa.”

                      “___Foi então que ela anunciou a vinda de Grande Morte?”

                      “___Não,... não, muito depois! Primeiro me  fez  sentir e assistir tudo sobre o
                      início dos tempos. O manto cinza perolado foi ficando fino e translúcido e eu pude
                      ver como se tudo estivesse acontecendo naquele momento. Vi uma época remota
                      quando as terras foram se resfriando com o transcorrer das eras, quando a própria
                      Pequena Morte surgiu em oposição a sua irmã gêmea, a vida, que se agitava nas
                      águas na forma de elegantes filamentos em espiral onde estava gravado o código
                      do mistério da formação de todos os seres que haveriam de povoar a Terra, há
                      quinhentos milhões de anos.”


                      O puma fez uma longa pausa e percebeu a atenção de Loop que, fascinada
                      pelo que ele contava, não movia um único músculo. Fechou os olhos para
                      conseguir  rever  cada  detalhe  daquele  momento  mágico  e,  revendo  tudo,
                      recordando as lições da morte, prosseguiu.

                      “___Pequena Morte me falou dos tempos idos quando as selvas cobriam a maior
                      parte da terra seca e os mares tinham seres do tamanho das árvores que precisavam
                      da força das águas para poderem se mover e de quando tais seres começaram a
                      caminhar sobre a terra. Depois me falou dos dias em que criaturas apoiadas em
                      duas pernas desceram das árvores e começaram a viver em cavernas escuras. Tão
                      cheios de medo que haveriam de se tornar os animais mais perigosos da criação.
                      E me fez sentir todo o espanto de quando a olharam de frente e a reconheceram e a
                      chamaram  morte,  compreendendo  que  estava  ligada  de  forma  permanente  e
                      inexorável à vida, como as duas faces de uma mesma verdade. Reconheceram-na
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