Page 41 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
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“___Fale  sobre  o  que  disse  exatamente  Pequena  Morte,”  pediu  Loop  e  se
                      acomodou com o focinho estirado sobre as patas dianteiras, pronta para as
                      revelações do puma.


                      Mahoo também voltou para sua posição de descanso e se dispôs a narrar sua
                      viagem até as margens do lago mágico e seu encontro com Pequena Morte,
                      marcado desde sempre nos caminhos da vida do Pássaro Tilsith.

                      “___Cheguei  às  margens  do  Lago  Infinito  ao  final  do  meu  quinto  dia  de
                      jornada.” Começou, Mahoo com seu mais profundo tom de voz.

                      “___O dia tinha visto a passagem do rei sol pelo céu desde muito cedo, mas o vento
                      gelado também estivera soprando sem descanso de maneira que o apagar do sol e a
                      chegada da noite trouxe um frio profundo. Eu sabia que poderia não ser bom
                      encontrar  Pequena  Morte  naquela  hora  em  que  as  sombras  tornam  todos  os
                      caminhos incertos. Sua natureza por demais sombria e as nuances obscuras das
                      horas tardias fazem-na distrair-se das suas resoluções mais firmes.”


                      A raposa concordou porque sabia o quanto Pequena Morte podia ser perigosa
                      envolvida pelas vestes negras da noite que age sobre ela como um narcótico,
                      libertando-a de uma natural timidez perfeitamente percebida à luz do dia.
                      “___Então  esperou  até  o  amanhecer!”  Adivinhou  Loop  e  prosseguiu,
                      imaginando  cada  passo  do  puma.  “___Escondeu-se  por  perto  do  local  do
                      encontro. Em uma caverna talvez?”

                      “___Não, não em uma caverna, encontrei uma toca num tronco de árvore. Um
                      lugar  seco  e  abrigado.  Fiquei  ali  até  que  a  manhã  afastou  as  sombras  e  até
                      apagarem-se as estrelas. Então, protegido pela luz que obriga Pequena Morte à
                      reflexão, lembrando-a dos  compromissos assumidos  para  que  exerça  o  controle
                      necessário a não se deixar levar por sua natureza mortal, fui até uma alta pedra
                      que se debruça sobre as margens do Lago Infinito. Antes, bebi das suas águas
                      mágicas.  Fiquei  quieto,  sem  provocar  o  menor  ruído  até  que  vi  sobre  minha
                      imagem refletida no lago a reprodução do disco do rei sol exatamente sobre a minha
                      cabeça. Sabia que então deveria chamar. Por isso ergui meu rugido duas vezes.
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