Page 87 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
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impedia que houvesse aqueles que aspiravam tal status e empenhavam-se em
proclamar a pureza da estirpe da própria família. A farsa era facilmente
revelada a qualquer um que se debruçasse com algum interesse sobre a
história das migrações.
Em épocas mais remotas vieram milhares na chamada, primeira leva
migratória. Eram os portugueses, os espanhóis e os holandeses.
A maioria destas famílias se instalara nas terras mais baixas e mais planas,
mais próximas ao litoral. Mas alguns se aventuraram mais para o interior do
continente e começaram a subir as montanhas da imensa cordilheira.
A história insinua que estes homens que subiram mais alto e que se
aventuraram mais para dentro nas terras selvagens eram os que tinham bons
motivos para deixar para trás sua origem e seus nomes de família.
Eram degradados, fugitivos ou condenados que haviam sido acusados por
crimes diversos e haviam sido banidos sem permissão de algum dia voltarem
à terra natal.
Estes conquistaram vida nova e alguns fizeram fortunas nas vastas extensões
dos planaltos e vales entre as montanhas. Terras férteis, usurpadas aos
nativos. Riquíssimas em minérios, em ouro e em pedras preciosas.
Conquistaram também os próprios povos que ali estavam e constituíram
famílias se misturando às mulheres indígenas. Era fácil seguir-lhes a pista
pelos nomes inventados e que de alguma maneira lhes delineava o caráter ou
a ocupação. Entre estes se podia listar seguramente os Longarcco, os
Lagofundo, os Serragrande, os Tiracouro e também os Gatopardo além de
tantos outros que o passar de centenas de anos haviam lapidado as gerações e
consolidado como nomes de famílias tradicionalíssimas e honradas.
Além destes havia os que igualmente escolheram as terras férteis entre as
montanhas, mas que não precisavam necessariamente apagar vestígios do
passado, eram descendentes de espanhóis que lustravam em brasões os nomes