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Inventor, músico, escritor, cientista e pensador. Tudo isso se dizia e se atribuía
a Cesar Astu Ninan. Mas uma análise sincera sobre a qualidade de sua obra
revelou uma verdade assombrosa.
A verdade é que nunca houve nenhum grande invento ou criação e nem
mesmo nenhuma proposição inédita ou revolucionaria para avalizar a suposta
genialidade como inventor, apesar do inegável brilhantismo da inteligência
que se impunha a quantos o conhecessem.
Foi forçoso reconhecer que Cesar nunca inventara nada verdadeiramente
extraordinário, sequer importante ou prático, apenas quinquilharias e ideias
excêntricas, com alguma originalidade e até alguma graça, mas sem nenhum
proveito importante para si próprio ou para seus semelhantes.
E as pretensas descobertas científicas que por algum tempo chegaram a
merecer a atenção de renomados cientistas, temerosos de ignorarem alguma
grande descoberta, se revelaram, ao final, de pouca ou nenhuma relevância.
E o mesmo com todos os demais interesses da sua personalidade inquieta.
Foi um instrumentista realmente extraordinário, mas nunca se tornou o
grande compositor que se esperou e que se anunciou ao mundo que ele seria
desde a sua mais tenra idade, quando foi declarado gênio e um prodígio.
Após mais de uma década de tentativas para sublimar a música que trazia
aprisionada em seu âmago, incapaz de materializar em notas e sequências
melodiosas toda sua beleza indescritível, César se conformou à negação cruel
do seu próprio espírito traduzida pela incapacidade da criação.
Frustrado, ainda não completara dezoito anos quando fechou o piano,
guardou o violino na caixa e abandonou a música.
Como escritor o tempo provou que fora apenas aceitável.
Os seus livros de contos ou histórias recebidos com alarde e festejados pela
esmagadora maioria dos críticos a época de suas publicações como verdadeiras