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Está um tanto escuro no quarto; acendo uma lâmpada; o olho do dia
       arrisca um olhar curioso através das janelas que as cortinas obstruem pela
       metade. Oh! ele gostaria de ver mais longe, até o centro desse coração que
       treme e estremece até o mais profundo, mais quente que a luz, mais escuro
       que a noite, mais emocionado que as vozes que vêm de longe, como um
       grave sino que toca quando a tempestade ameaça.

              E eu imploro uma tempestade. A voz dos sinos não atrai os raios?
       Pois bem, aproxima-te, cara tempestade! Lava, purifica, faz com que
       perfumes de chuva penetrem em meu ser dessecado. Sê bem-vinda! Sê
       finalmente bem-vinda!

              E ai estão, primeiramente raios, com que tu atinges meu coração no
       centro; dele sai um longo esguicho de bruma pálida. Tu a reconheces, essa
       traidora morosa? Meus olhos já estão mais vivos, minha mão se estende
       para ela para amaldiçoá-la. E o trovão ribomba e uma voz proferiu: "Sê
       purificado."

              Atmosfera pesada. Meu coração se incha. Nada se mexe. Mas eis
       um sopro leve, a erva estremece — sê bem-vinda, chuva, tu que suavizas,
       tu que salvas! Tudo aqui está seco, vazio, morto; lança gotas novas.


              Eis que o raio atinge de novo com ponta aguda e duplo gume
       exatamente o centro do coração. E uma voz proferiu: "Espera!"


              Um suave perfume sobe do solo; uma rajada de vento e eis a
       tempestade que uiva e reclama seus espólios; empurra para diante de si as
       flores que estraçalhou. Uma chuva se alegra depois dela.

              Batam em pleno coração! Tempestade e chuva! Raio e trovão! Em
       pleno coração! E uma voz proferiu: "Sê renovado."
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