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1. Introdução.
Qual é o poder de um filósofo no tocante à civilização de seu povo?
Ele parece
a) um solitário indiferente;
b) o senhor das cem cabeças mais espirituais e mais abstratas;
c) ou então o odioso destruidor da civilização nacional;
Em b) o efeito é somente indireto, mas está presente como em c).
Em a) pode acontecer, por falta de acordo dos meios com os fins na
natureza, de ficar solitário. Sua obra, no entanto, permanece para os
tempos que vão sobrevir. Pergunta-se, contudo, precisamente se ele teria
sido necessário a seu tempo.
Terá uma relação necessária com o povo? Haverá uma teleologia
do filósofo?
Na resposta deve-se saber o que se designa por "seu tempo": pode
ser um tempo mínimo ou muito longo.
Tese essencial: ele não pode criar uma civilização,
mas prepará-la, suprimir os sempre
entraves ou moderá-la e assim apenas
conservá-la ou destrui-1a negando.
Jamais um filósofo, em seus aspectos positivos, arrastou o povo
atrás dele. De fato, ele vive no culto do intelecto.
A respeito de todos os aspectos positivos de uma civilização, de
uma religião, sua atitude é dissolvente e destruidora (mesmo se procura
fundar).