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A antiguidade clássica sem estudar sua relação com as aplicações
       práticas. A ciência da natureza sem essa ação salutar e essa paz que
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       Goethe nela encontrou.
              A história sem o entusiasmo.


              Em resumo, todas as ciências sem sua aplicação prática: logo,
       conduzidas de outra maneira daquela dos verdadeiros homens de
       civilização. A ciência concebia como um ganha-pão!

              Vocês praticam a filosofia com jovens sem experiência: seus
       anciãos se voltam para a história. Vocês não têm de modo algum filosofia
       popular,   mas    em    compensação      têm   conferências    populares
       vergonhosamente uniformes. Temas de composição propostos pelas
       universidades aos estudantes, sobre Schopenhauer! Discursos populares
       sobre Schopenhauer! Isso é falta de
       toda dignidade!

              Como a ciência pôde se tornar o que é agora só pode se explicar
       pelo desenvolvimento da religião.


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              Se são anormais, não têm então nada a ver com o povo? Não é
       assim: o povo tem necessidade das anomalias, embora não existam por
       causa dele.

              A obra de arte é prova disso: é o criador que a compreende e,
       apesar disso, está voltada para o público de perfil.

              Queremos conhecer esse aspecto do filósofo em que ele se volta
       para o povo e não discutir sua natureza curiosa (portanto, o fim próprio, a
       pergunta por quê?). Esse aspecto é agora, do ponto de vista de nosso
       tempo, difícil de conhecer: porque não possuímos semelhante unidade
       popular da civilização. Por essa razão, os gregos.






              38  Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), literato, político e erudito alemão (NT).
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