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Dezembro de 2019: ONDE AS EXPERIÊNCIAS ACONTECEM
A criança, sua leveza, disponibilidade, abertura e inocência
ganham protagonismo quando pensamos em criação e
autonomia. Quanto menor as crianças são, mais puro e
natural parecem os momentos de interação e invenção.
Vivemos numa sociedade cheia de preconceito, carregada
de julgamento, dominada por um sistema de hierarquização
que me parece nos calar e pregar pela nossa manipulação
e padronização. Em meios como esses se tornam mais difíceis
de imaginar, inovar, arriscar e errar. Precisamos nos atentar
para os reflexos disso tudo dentro da escola.
Se almejamos adultos críticos, autônomos e livres, precisamos
investir nos momentos de criação. Valorizar educandos e
educandas que interagem, expressam suas opiniões, fazem
escolhas e criam.
Martinez (2015) nos ajuda a pensar que o trabalho com a arte
tem o poder de estimular a criação, mas para isso ela não
deve se reduzir ao sentimento do agradável ou apenas aos
momentos de entretenimento e descontração. Na arte é
preciso experimentar, perceber, vivenciar e refletir para
passar pelas experiências de imaginar, combinar, modificar
e criar, junto com o prazer e com a alegria.
Na nossa escola, as crianças transformam o som em imagem,
fazem sucata virar instrumento e ainda inventam o seu
próprio jeito de tocá-los, vão à procura da identificação da
paisagem sonora, escolhem os elementos da cidade que
querem passar para o papel, modelam o barro para escutar
o interior do seu próprio corpo. Aqui elas escolhem, inventam
e criam.
Nós professores criamos possibilidades, provocamos ações,
planejamos e orientamos para que as experiências de
autonomia e criação aconteçam.