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Estávamos em processo de criação. Depois das crianças
terem escolhido o tema halloween para dar vida a uma
composição musical, o desafio era pensar em sons que
combinassem com o tema e encontrar instrumentos que
pudessem representar tais escolhas.
Depois de sugestões como a porta batendo, a janela
rangendo, a bruxa dando gargalhada, Levi levantou a mão
empolgado e disse “podia ter o sangue vermelho na
parede”.
Ué, mas não era pra pensarmos em sons? Levi estava
pensando no cenário através da imagem - talvez por causa
da parceria entre as aulas de artes visuais e música e o
planejamento interdisciplinar pensado por nós.
Eu e Pedro já estávamos preparados para corrigi-lo. Mas
antes, Pedro o indagou: “mas como podemos fazer o som
do sangue? ”Levi não tinha resposta para o seu próprio
problema.
No entanto, rapidamente Felipe interrompeu e disse “ué,
com esse chocalho aqui. A gente faz assim: screeech, e vai
ficar parecendo o sangue escorrendo na parede”.
Sem muitas palavras e explicações, o problema foi resolvido
por uma criança. Felipe depois de solucionar a ideia de seu
colega, ficou responsável por tocar o instrumento afoxé que
representaria o sangue.
O aprendizado maior, mais uma vez, foi nosso, ao deixar o
aluno falar e contemplá-los com o melhor das nossas
escutas. Eles também carregam as soluções e os
ensinamentos.
Levi e Felipe seguem parceiros, na música, na escola, na
vida.
Diário de campo, 05 de junho de 2019