Page 64 - Celina - Uma Pérola do Universo - Maria das Graças Paiva_Neat
P. 64
Com a grande proximidade de Minas Gerais, muita
gente veio de lá, formaram suas famílias e conservaram
os sabores nas suas cozinhas, daí os costumes da mesa
ter a predileção pela carne de porco e as variáveis desse
animal, como as lingüiças que ficavam nos varais sobre
os fogões de lenha recebendo os vapores e virando
verdadeiras defumadas, o chouriço, maravilhoso, os
torresmos, as carnes eram fritas e colocadas em latas
grandes com a banha, conservavam meses, geladeira só
tinha nos dois bares e pouquíssimas casas, contava-se
nos dedos; o frango à molho pardo, o frango com
quiabo, a couve cortada fininha, o tutu de feijão, o
angu, a canjiquinha, os pastéis fritos, o biscoito de
polvilho frito; e os doces? Ah, os doces, os cristalizados
de figo, mamão, a ambrosia, o doce de leite, o queijo
com a goiabada cascão, era feita em tachos de cobre
enormes, depois colocadas em caixinhas de madeira,
dava pro ano todo até a próxima safra da goiaba, o doce
da casca da laranja da terra, especialidade de D. Zilda.
Muito comum também aos domingos, no almoço as
macarronadas e frango com caldinho, a farofa, tudo
uma delícia.
Outra lembrança das boas mesas, os aniversários,
quase todas as casas tinham crianças, e as festinhas
muito freqüentes, os salgadinhos, as empadinhas, os
docinhos, mãe Benta, quindins, amor em pedaços,
queijadinha, suspiros, papos de anjos, casadinhos,
cajuzinhos, o bolo dos “parabéns prá você”, o
inesquecível guaraná caçulinha, da “Antarctica”.
Lembranças, lembranças, as nossas infâncias foram
maravilhosas!
64