Page 23 - O Cavaleiro da Dinamarca
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E das colunas, do murmúrio da fonte, das flores, das pinturas e das aves
erguia-se uma grande paz como se os homens, os animais, as plantas e as
pedras tivessem encontrado um reino de aliança e de amor.
Nesta paz as forças do Cavaleiro cresciam dia a dia até que, ao cabo de
cinco semanas de descanso, ele pôde despedir-se dos frades e continuar o
seu caminho.
Então dirigiu-se para Génova.
Mas quando chegou ao grande porto de mar era já o fim de setembro
e os navios que seguiam para a Flandres já tinham partido todos.
Percorreu os cais, falou com os capitães, foi à casa dos armadores. A
resposta que lhe davam era sempre a mesma: só daí a vários meses
poderia arranjar navio para a Flandres.
Primeiro o Cavaleiro ficou desesperado com estas notícias e durante
dois dias não comeu nem dormiu. Mas depois recuperou o ânimo e
resolveu seguir viagem por terra, a cavalo, até Bruges.
Atravessou os Alpes, atravessou os campos, as planícies, os vales e as
montanhas da França.
Agora só parava para comer e dormir, ansioso de chegar antes do Natal
à sua terra.
Mas quando chegou à Flandres era já Inverno e sobre os telhados e os
campos caía a primeira neve.
O Cavaleiro dirigiu-se para Antuérpia e aí procurou o negociante
flamengo, para o qual o banqueiro Averardo lhe tinha dado uma carta.
Encontrou o negociante em sua casa, aquecendo as mãos à lareira,
vestido com uma bela roupa de pano verde, larga e debruada de peles