Page 146 - REVISTA MULHERES - 22º EDIÇÃO - EXCLUSIVA
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MAURÍCIO                                                         LM – Onde você encontra os materiais que
                    MAURÍCIO
                                                                                     utiliza para sua arte?
                               F
                               FARIASS                                               MF – A melhor delas foi o Ecoponto, que
                                 ARIA
                                                                                     é um centro de reciclagem e os ferros
                                                                                     velhos.  O  Ecoponto  é  um  paraíso  para
                                                                                     trabalhar com a ressignificação. Alguns
                                                                                     objetos desprezados transformam o lixo
                                                                                     em tesouro, por que tudo se aproveita e
                                                                                     eu descobri na madeira e no metal algo
                                                                                     interessante para ser feito. No início era
                                                                                     como brincadeira e doava as peças para
                                                                                     igrejas e as pessoas foram gostando. De
                                                                                     repente já tinham padres me procuran-
                                                                                     do pedindo minhas peças.

                                                                                     LM – No início deste trabalho,  você rece-
                                                                                     beu apoio de sua família?
                                                                                     MF – Olha, foi muito engraçado. Minha
                                                                                     esposa  uma  vez  disse:  - Você  não  tem
                                                                                     serviço?  Eu  logo  pensei:  -  Gente,  mi-
                                                                                     nha mulher não me apoia, que é isso?
                                                                                     (risos).  Conversei  com  dois  amigos.  O
                                                                                     primeiro, um padre que me sugeriu um
                                                                                     encontro de casais e o segundo, um ad-
                                                                                     vogado  que  logo  manifestou  abrir  um
                                                                                     processo (risos), tudo uma grande brin-
                                                                                     cadeira. Hoje ela incentiva, elogia, mas
                                                                                     ainda guardo a reserva de um olhar não
                 Foto: Ari Morais                                                    LM – O que te inspira em seu trabalho
                                                                                     artístico, subjetivo.




                                                                                     MF –  A  irmã  Maria  Antônia  da  igreja
               Pedagogo por formação, repórter fotográfico, ainda uma criança, fruto de uma “infância mal   de criação?
               Curada”, como se refere ao andar de carrinho de rolimã e skate, mas apaixonado por artesanato.   Medalha Milagrosa, através da associa-
               Maurício Araújo Farias, é casado com Heloísa e tem dois filhos. Após sua aposentadoria, se viu   ção A Pequena Obra de Santa Beatriz
               entediado ao mesmo tempo que descobriu o interesse por produzir peças feitas principalmente   (Santa Beatriz foi orientada e conduzi-
               com madeira e ferro e estas peças se tornaram um propósito em sua vida, no momento que sua   da por franciscanos em Portugal), fazia
               arte alimenta pessoas.                                                doações de cestas básicas para famílias
                                                                                     carentes. Ela faleceu há dois anos, mas
               Liana Marzinoto – Maurício, fale um pouco de você antes de chegarmos ao “artista   a obra continua com as doações e ali-
               plástico pós moderno”.                                                mentos  para  as  famílias,  preferencial-
               Maurício Farias – Bom, minha formação é em Pedagogia, com pós em Pedagogia Em-  mente mães, idosos e doentes. Antes da
               presarial e Educação Corporativa. Após trabalhar por 36 anos como repórter fotográ-  pandemia,  eu  promovia  palestras  edu-
               fico e gerente do departamento de imagem e som na Associação Brasileira dos Cria-  cativas  como  um  trabalho  pedagógico,
               dores de Zebu -ABCZ, me aposentei. Passados dois anos descobri o artesanato.   com  vários  convidados  e  depois  fazía-
                                                                                     mos a entrega das cestas. Outro grupo
               LM – Como foi esta descoberta?                                        surgiu, os dos desempregados.
               MF - Foi bem interessante. Foi num churrasco na casa de um amigo, boa ocasião e
               chegando na varanda me deparei com uma arte em Pallet e achei bonito, muito bo-  LM – A partir deste trabalho como volun-
               nito mesmo! Fiquei encantado e pensei: - eu dou conta de fazer! E no dia seguinte   tário você criou um projeto. Fale sobre ele.
               eu fiz. Peguei todos os materiais necessários para a confecção e fiz um aparador.   MF – Sim. Criei o projeto Arte e Ação So-
               Me sentei de frente a ele e fiquei olhando ... observando e achei horrível, o que   cial onde troco minhas peças por cestas
               é isso que eu fiz? Indaguei! Não é possível! (risos). Estes são os desafios da vida.     básicas. Comecei com 10 famílias e tam-
               Desmontei, refiz e ficou até melhor do que o do meu amigo.            bém acolho pedidos extras. Eu continuo


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