Page 51 - REVISTA MULHERES - 22º EDIÇÃO - EXCLUSIVA
P. 51
Mônica Roberta da Silva Giacometto é ginecologista e
obstetra. Há 16 anos, Mônica cuida, ouve e acolhe mulheres
em todas as fases de sua vida. Com isso, vem acompanhando
de perto as mudanças na forma como os casais lidam com a
chegada de um bebê. Segundo ela, é cada vez mais comum a
participação de homens durante as consultas de pré-natal, o
que nem sempre significa que as tarefas são assumidas por
igual. “Nos primeiros cuidados com o bebê, percebo ainda
muita insegurança. Eles tendem a ficar com pequenas parti-
cipações, fazer ninar, trocar uma fraldinha”, disse.
Caroline Freitas Silveira é enfermeira, mestre em atenção
à saúde, consultora em aleitamento materno e professora do
curso de enfermagem da Universidade de Uberaba (Uniube).
Ela também tem percebido uma feliz mudança de comporta-
mento, embora reconheça que a caminhada ainda é longa e ár-
dua. “Em muitos casos o desinteresse ainda é bem perceptível,
a noção de família patriarcal onde há a antiquada ideia de que
somente a mãe deve desempenhar os cuidados com o bebê e a
casa, ainda existe e não é raro”, disse Caroline. Ela explica ain-
da que, o termo “pai presente” é equivocado, pois, na verdade,
o pai deve assumir o seu papel e ser corresponsável.
Nessa linha, Mônica também defende a importância de
uma mudança do posicionamento social, inclusive o mater-
no, pois, segundo ela, muitas são as mães que assumem todas
as responsabilidades e acabam não permitindo uma partici- A médica ginecologista Monica Giacometto observa que é cada vez
pação ativa por parte do pai. “Acredito que estamos no ca- mais comum a participação do pai nas consultas de pré-natal.
minho da melhora desse perfil, mas tanto os pais quanto as
mães precisam entender que ambos são responsáveis pelo
bebê”, disse. “Não se trata de uma competição, mas sim de
uma única equipe”, acrescentou.
Para Luiz Hozumi Nojiri Junior, 33 anos, pai de Hugo
Ichiro, de 1 ano e dois meses, corresponsabilidade é coisa
séria. Ele acredita que a presença paterna durante o puerpé-
rio é fundamental para reduzir o nível de estresse da mãe e
para que o bebê se sinta mais confortável. “Tudo passa muito
rápido, mas, ao mesmo tempo, tudo é muito intenso. Positi-
vamente creio que os laços do pai, tanto com o bebê quanto
com a mãe, ficam mais fortes e a relação de intimidade se
intensifica”, conta.
Mas, nem tudo são flores. O cansaço e a sobrecarga de
atividades tornam tudo mais exaustivo. Por isso, Hozumi de-
fende a ampliação da licença paternidade. Precisamos tirar o
peso da criação exclusivamente da mãe, sendo sempre com-
partilhada com os dois genitores”, diz.
Quem concorda com Hozumi em gênero, número e caso é
o servidor público Armelino Modesto da Silva Neto, 29 anos,
e pai do pequeno Heitor, de 1 ano e dois meses. Para ele,
cinco dias de licença paternidade é pouco para que o pai
participe eficientemente nos afazeres de casa e nos cuida-
dos com bebê. Armelino conta que, com a divisão de tarefas
(domésticas e de cuidados com filho) e o rodízio na guarda
do filho durante a noite, procurou deixar a esposa mais des-
cansada, plena e forte para amamentar. “Quando o pai passa
A enfermeira Caroline Freitas Silveira é membro do Grupo Abayomi, que
a ser mais participativo, dando banhos, trocando fraldas, fa-
reúne diversos profissionais de apoio à maternidade.
Mulheres Ed. 22 - 51