Page 53 - REVISTA MULHERES - 22º EDIÇÃO - EXCLUSIVA
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line recomenda que o pai assuma o posto de pai, com respon-
sabilidade e se comportando como pai em todos os aspectos.
“O puerpério é um período de muitas sombras para a mulher,
de muitas dores, dúvidas, solidão e uma sensação de culpa
interminável. Quando o companheiro fornece apoio e segu-
rança, passar por essa fase torna-se menos pesado”, disse a
enfermeira membro do Grupo Abayomi, que reúne diversos
profissionais de apoio à maternidade.
Além disso, de acordo com a profissional, quando se faz
presente de forma saudável nessa fase inicial da vida do bebê,
o pai contribui de forma importante para a criação de la-
ços paternos. É no que acredita Armelino. Na visão dele, se a
criança é ignorada, ela também vai ignorar. “A criança quer
apenas ser amada e ter carinho e em troca recebemos o mais
belo sorriso”, completou.
Mas, não é apenas o comportamento das famílias e amigos
que precisa mudar. De acordo com a profissional, a socieda-
de deve apoiar a paternidade consciente e responsável. Isso
implica, por exemplo, na necessidade de que os donos de
estabelecimentos comerciais coloquem fraldários e trocado-
res em banheiros masculinos. “Como um homem sai sozinho
com um bebê e troca esse bebê, se só tem trocador em ba-
nheiro feminino? Isso é mais do que ultrapassado e desres-
peitoso”, avalia.
Para Mônica, ainda vivemos em uma sociedade marcada
pelo machismo e, por isso, precisamos ressaltar a importância
Para médica pediatra Sonia Silva, no processo de parto, cabe aos pro- de uma paternidade participativa. Na sua análise, é neces-
fissionais contribuirem para que os pais sintam-se seguros e capazes sário deixar de lado a antiga frase “meu marido ou compa-
nheiro me ajuda muito” e trocar por uma nova frase: “meu
é cerceado, criticado nas suas rodas de amigos, pelos familia- marido ou companheiro faz a parte dele como pai e cuidador
res”, conta. Por outro lado, segundo ela, precisamos também do nosso bebê”.
parar de alardear e elogiar sempre que um pai troca fralda, dá “A jornada é longa, mas acredito que já estamos tentando
banho, faz dormir, leva ao pediatra sozinho, sai sozinho com o reformular esse machismo estrutural da nossa sociedade. Pai
bebê, limpa a casa, faz comida ou fica com o bebê para a mãe não é ajudante e sim corresponsável desse grande desafio de
dormir ou sair para se distrair. “Ele não está fazendo nada cuidar de um recém-nascido”, disse.
mais do que a obrigação”, observa.
Sônia Regina Silva é médica pediatra e explica que um
dos benefícios da presença paterna é tornar menos doloroso
e mais ágil o processo do parto, ajudando a encurtar o perío-
do de internação e levar mais segurança à mamãe. “Traz tran-
quilidade ao ambiente, sendo mais receptivo ao bebê e assim
temos observado maior sucesso no aleitamento materno e na
recuperação pós-parto”, disse.
Segundo ela, são muitas as técnicas que podem ser en-
sinadas para auxiliar os pais a amenizar as cólicas e a obter
sucesso no aleitamento. “Todo profissional deve fazer com
que os pais se sintam seguros e acreditem que são capazes.
Pais seguros, bebês mais serenos”, disse. Apesar disso, Sônia
ressalta que são muitas as adversidades e cabe ao profissional
entender as necessidades de cada família, respeitando suas
limitações e ensinando a superá-las. Na ausência do pai, por
exemplo, é muito importante identificar quem será o familiar
de apoio e treiná-lo. Com isso, segundo a médica, é possível
minimizar a ausência paterna.
Ainda quando pai e mãe não estão em união afetiva, Caro-
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