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la mesma confluência das avenidas onde
ele sempre estava. Naquele momento, ela
relembra cenas da sua operação cardíaca
e da aparência do doador – era ele mes-
mo! Tom foi o doador do coração, que
agora lhe dava uma segunda chance de
viver plenamente sua própria vida, em
paz com sua família e consigo mesma.
As mudanças foram radicais: compa-
nheirismo com a mãe, solidariedade aos
outros, trabalhos voluntários no alber-
gue conhecido, vida artística inicialmen-
te nas ruas e uma grande festa de Natal
com os fundos arrecadados nas doações
voluntárias dos transeuntes que gosta-
vam das suas apresentações.
Ao ser questionada se era possível
essa experiência ser vivida em nossa vida
real ou se apenas como ficção cinema-
tográfica, respondi ter convicção de que
podemos viver casualmente invasões de
conteúdo inconsciente na consciência
como retorno do reprimido. A cena da
operação cardíaca, na única vez que ela
realmente vê o doador e, em seguida é
anestesiada para o procedimento, en-
trando para um estado sonambúlico, que
sabemos não impede o registro da ocor-
rência de fatos externos, só que agora di-
retamente no espaço inconsciente; assim
essas informações foram registradas no
inconsciente. Em seguida ela “esque-
ce”, mas o conteúdo volta na qualidade
de fantasias, que se intrometem na vida
diurna, causando percepções da realida-
de mescladas de conteúdo inconsciente.
É importante salientar pontos de
convergências onde se dá a coincidência
perceptiva. Ele sempre aparece de bici-
cleta na confluência das avenidas, onde
ele demonstrar e dizer que ela não poderia depender dos outros os ônibus continuam circulando e onde
e, em particular, dele mesmo. ocorreu o acidente. A cena é a mesma,
Ela fala sobre sua saúde e mostra a cicatriz recente no peito só muda a consequência que não pode
devido ao corte para transplante de coração. A demonstração do ser revivida – a morte do condutor da
seu interesse selou, em definitivo, que ele era um verdadeiro pre- bicicleta que lhe dá a oportunidade de
sente de natal. Qual não foi sua surpresa quando ele sumiu! Sua uma segunda chance de viver. Este é o
procura foi em vão, apesar de ela buscar nos lugares que havia momento em que ela perde algo muito
estado anteriormente com ele na esperança de conseguir alguma especial e ganha um verdadeiro presen-
informação ou de se deparar com ele. te de Natal – Uma magia de Natal como
Até que ela encontra a porta do prédio onde ele morava aberta. tantas outras: luzes coloridas, alegria,
Ela sobe e é informada por um corretor que o apartamento está à reencontros afetivos, fartura alimentar e
venda devido a morte do seu proprietário num acidente naque- muitos presentes.
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