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representatividade também é uma questão
ampla e, por isso, torna-se necessário um foco
específico para tratar o tema. Nosso intuito
aqui é dar visibilidade à jornada da mulher
do campo, suas lutas, sonhos e conquistas,
bem como sua representatividade nas ques-
tões socioambientais.
Gênero e meio ambiente são temas con-
temporâneos e receberam atenção na Decla-
ração do Rio/1992 - princípio 20, onde foi des-
tacado que as mulheres desempenham papel
fundamental na gestão do meio ambiente e
no desenvolvimento. Entretanto, o que ainda
se observa é que os discursos evidenciam a
importância do protagonismo feminino, mas
na prática cotidiana, isso tem ocorrido de for-
ma muito superficial, necessitando avançar
nos processos de tomada de decisão que en-
volvem políticas ambientais.
A agrônoma Elizabeth Cardoso, que atua
no Centro de Tecnologias Alternativas da
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Zona da Mata , relatou que o trabalho do-
méstico das mulheres do campo é conside-
rado como algo não produtivo e muitas vezes
é confundido com o trabalho da agricultura
familiar. Essa imagem equivocada da mulher
do campo gera a impressão de que as mulhe-
res são apenas donas de casa, o que não é ver-
dade. Ao observar a rotina dessas mulheres, a
agrônoma descreve que elas não podem pas-
sar o dia todo na lavoura em razão de outras
atividades que assumem: acordam mais cedo
que o marido, fazem café, continuam traba-
lhando em casa, vão para a roça, levam o al-
moço para o marido, capinam ou fazem outra
atividade, cultivam horta, árvores frutíferas e
criações de pequenos animais como galinhas
ou porcos (itens fundamentais para o consu-
mo próprio da família e venda de excedentes).
Atendimentos à saúde também são pro-
blemas enfrentados pelos moradores do
campo. De acordo com a agrônoma, a con-
taminação por agrotóxico é frequente nessas
comunidades, pois mesmo quando aplicados
com uso de equipamentos de proteção, ao
lavarem as roupas dos maridos, as mulheres
se contaminam, uma vez que não usam equi-
pamento nessa atividade. Outra questão des-
tacada refere-se aos casos de depressão nas
mulheres do campo, consequência de efeitos
dos agrotóxicos no organismo ou por conta
Ativista quilombola maria do socorro da silva da idade, pois quando mais velhas essas mu-
https://atmos.earth/amazon-activist-maria-do-socorro-silva-biography/ lheres não se sentem valorizadas.
Mulheres Ed. 23 - 79
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