Page 127 - 20ª EDIÇÃO REVISTA MULHERES - ALTA RESOLUÇÃO
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Rosélia é uma profissional, en-
tre tantas, que se empenha na linha de
frente do combate à covid-19. Milhares
de trabalhadores se dedicam exausti-
vamente a salvar a vida de quem está
contaminado. No meio desse cenário
atípico, eles enfrentam diversos desa-
fios, como mostra esta reportagem da
Revista Mulheres.
Domingo. Quase hora do almo-
ço. Um paciente suspeito de covid logo
seria internado. A equipe estava numa
correria danada. Depois da preparação,
a técnica de enfermagem Fernanda Go-
mes, 29, da UTI Neonatal e Pediátrica
do HC-UFTM, entendeu que aquilo
que via o tempo todo na televisão, sobre
gravidade e letalidade da doença infec-
tocontagiosa, estava bem próximo dela.
Ela presenciou uma amiga de setor se
debulhar em lágrimas de tanto medo.
Fernanda se sentiu aflita, engoliu o cho-
ro e, mesmo fragilizada, conseguiu acal-
mar a companheira. Chegou em casa
e refletiu sobre a profissão que havia
escolhido. Não possuía comorbidades e
nem idade avançada. Pediu a Deus saú-
de, paciência, persistência e força.
Fernanda e o resto do mundo
precisaram mudar os hábitos e se adap-
tar ao que se tornaria o “novo normal”.
Para a técnica de enfermagem, lidar
com as questões psicológicas é a parte
mais difícil. “O pior momento é saber
da existência de colegas infectados. Pas-
sa um filme na cabeça. Eu estava usan-
do máscara quando ficava perto deles?
Tive quebra de barreira? Senti alguma
coisa nesses últimos dias? Alguém da
minha família teve sintoma? Quando
vou ser testada?”, questiona. Ela enfati-
za o aprendizado: ninguém sabe se está
preparado para tudo.
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