Page 13 - 20ª EDIÇÃO REVISTA MULHERES - ALTA RESOLUÇÃO
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JJORNALISTA JUBA MARIA
A
falta de mulheres ocupando cargos políticos em Uberaba é sintoma da miséria inte-
lectual alimentada pela falta de estímulo à formação política e a crença no patriarca-
do. Mesmo quando alçadas a algum cargo público, espera-se das mulheres que sejam
como marionetes nas mãos de homens poderosos: mero adorno sem voz servindo
apenas para divertir e atrair voto. Daí os preconceitos, ofensas e ameaças sofridas por aquelas
poucas mulheres que se atrevem a furtar “a luz da aurora nascendo nos campos silenciosos”,
como escreveu Virginia Woolf. Em tempos de pandemia, esse desafio se torna ainda maior e foi
por isso mesmo que decidimos conversar com mulheres que, até o fechamento dessa matéria
eram, pré-candidatas ao cargo de prefeitas de Uberaba de diferentes partidos e ideologias, mas
com alguma coisa em comum. Além da coragem, todas revelam seus medos e dificuldades; e o
desejo de construir uma sociedade melhor. Cada uma a seu modo, carregam correntezas por
dentro e vivem dias desgastantes.
Tudo isso em uma Uberaba marcada pela hipocrisia de homens como o médico João
Teixeira Alves, que entrou para a história da cidade por motivos nebulosos e turbulentos: caiu
na boca do povo depois que jogou piche em uma mulher com quem teve um relacionamento
extraconjugal e foi o responsável por processar Eurípedes Barsanulfo por exercício ilegal da
medicina. Na vida pública, porém, pregava “muita reza, Igreja e Nossa Senhora”, como contou
Lucília Rosa Soares, na biografia Lucília – Rosa Vermelha, lançada em 2012*.
Patrícia Melo (PT) - Foto arquivo pessoal Regiane Isidoro (PSDB) - Foto arquivo pessoal
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