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COMPORTAMENTO
FILHOS NÃO VÊM COM MANUAIS,
MAS PAIS PODEM SER ORIENTADOS
escola “escondidos” do filho e que não era para con-
tar para ele, demonstrando para nossa surpresa, que
sentia medo de suas reações.
Hoje, ouço relatos, não sem preocupação, sobre
crianças ainda na Educação Infantil chegando sono-
lentas à creche ou escolinha porque ficaram na inter-
VERA LÚCIA DIAS net até tarde da noite, demonstrando viverem a falta
de uma rotina adequada à sua faixa etária.
Psicóloga, Terapeuta de Luto,
Tanatóloga e Doula da Morte. Penso que para muitos, estas reflexões podem re-
meter àquele saudosismo expresso no “meu tempo
era assim...”, mas nossa intenção não é a de nos agar-
ramos ao passado, mas sim oferecer ajuda aos pais
odo livro tem uma história e eu gostaria de que estejam se sentindo confusos e desorientados
compartilhar com os leitores a motivação numa cultura que cancela e exclui, que vive relações
para organizar um livro que tem como títu- líquidas e descartáveis, num tempo em que se vive
Tlo o mesmo do presente artigo, esperando conectado com o mundo e desconectado dos que vi-
que ele possa de alguma forma contribuir com pais, vem sob o mesmo teto.
mães e educadores que, porventura, tenham em mãos Como educar filhos num mundo mudado e em
a REVISTA MULHERES. permanente mudança? Qual é a Ética válida para a
Atuando nos últimos 50 anos na área da educa- contemporaneidade? Por que a família hoje precisa
ção, como professora e diretora escolar e, parte deles de recorrer a tantos e diferentes profissionais para
também na área da Saúde Mental como psicóloga ajudá-la na sua missão? Por que em meio a tantas
clínica, observei um fenômeno que considero preo- especialidades e titularidades, há tão poucos espaços
cupante envolvendo a relação Família/Escola/Servi- oferecidos aos pais para refletirem/aprenderem so-
ços de Saúde. bre sua mais importante missão?
Dos anos 70, quando iniciei minha carreira, até os É nessa lacuna e tentando responder a estas per-
dias hoje, assisti uma mudança de costumes, regras guntas que, ao longo de muitos anos, temos desen-
e limites tanto na Sociedade em geral como no fun- volvido o projeto denominado ESCOLA DE PAIS e
cionamento familiar. Naquela década tanto a Família que muito colabora com quem dele participa. É com
como a Escola davam conta de suas respectivas tare- o mesmo espírito dessa iniciativa que, organizamos o
fas com facilidade. Nos anos 80, os pais começaram livro FILHOS NÃO VÊM COM MANUAIS, MAS PAIS
a procurar a Escola com justificativas neurológicas PODEM SER ORIENTADOS em parceria com a com-
para os problemas de comportamento dos filhos. Era petente e reconhecida educadora, revisora e doutoran-
o tempo da chegada, por aqui, dos eletroencefalo- da Mariângela Castejon.
gramas, “focos” no cérebro e do “remédio controla- Falando um pouco sobre o seu conteúdo, convém
do” numa uma tentativa de encontrar explicações na esclarecer que ele não é como um manual técnico,
dimensão corporal para as dificuldades de aprendi- semelhante àquele que vem junto com eletrodomés-
zagem e de comportamento. ticos ou veículos, mas sim, como uma grande roda de
O tempo foi passando e, nos anos 90, foi a Escola conversa envolvendo cinquenta e três profissionais
que começou a chamar os pais para conversar e isso falando sobre a importância de sua área de atuação,
bastava para resolver os problemas enquanto que, ao dos principais problemas que são objetos de sua in-
final desta década e início dos anos 2000, era comum tervenção, dicas de prevenção e indicações de arti-
ouvirmos do responsável, que já nem sempre era o gos, livros, sites e filmes para quem desejar se apro-
pai ou mãe, uma clássica frase: “Eu não dou conta fundar e conhecer mais.
desse menino”!... E daí para a frente, vivi o suficiente FILHOS NÃO VÊM COM MANUAIS, não é um
para receber responsáveis dizendo que estavam na livro para ser lido “de cabo a rabo” e sim, para ser
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consultado de acordo com a necessidade de
cada um. Apesar de escrito por estudiosos
e pesquisadores, os temas não são apresen-
tados como nos artigos científicos, mas de
maneira simples e clara para que possam
ser compreendidos independentemente do
nível de escolaridade de quem os lê.
Com suas 320 páginas, está organizado em
quatro grandes capítulos. O primeiro deles
aborda as configurações familiares atuais,
seus desafios e possibilidades, bem como
questões que atravessam o seu cotidiano. Foi
escrito por psicólogos, operadores do Direito,
assistentes sociais, mães, pais e avós. Nele en-
contramos reflexões sobre a saúde emocional
da família, a sobrecarga das mulheres chefes
de família, a importância da figura masculina,
o papel das avós, filhos homossexuais e famí-
lias homoafetivas, luto, suicídio e situações
que envolvem questões legais como adoção,
divórcio e seus desdobramentos e, como não
poderia deixar de ser, Estatuto da Criança e
do Adolescente e outros.
O segundo capítulo, de significativa rele-
vância, aborda a formação com base nos cha-
mados Quatro Pilares da Educação: aprender
a aprender, a fazer com competência, a ser e
a conviver com competência. Foi escrito tam- dimensão pedagógica e a escola ideal – humana, competente,
bém por psicólogos (estamos em todas!...), re- inclusiva, viva, significativa – um sonho possível de ser reali-
ligiosos, filósofos e profissionais de referên- zado, abrilhantado pela experiência de seus autores.
cia em determinadas frentes de batalha como No quarto e último capítulo, priorizamos o aspecto da
Amor Exigente, Disciplina Positiva, a busca Saúde e do Desenvolvimento da Criança e do Adolescente
do equilíbrio entre a vida pessoal e a profis- e foi escrito por expoentes nas suas áreas de atuação, falan-
sional, o uso adequado da Tecnologia Digital, do sobre Saúde Mental, Psicoterapia, Cuidados Pediátricos,
a importância do Brinquedo e do Brincar, Fi- Câncer Infantil, Neuropediatria e Neuropsicopedagogia, En-
losofia e Valores Humanos, Psicologia Escolar docrinologia e Metabologia, Nutrição e Saúde Integral, Saú-
e Orientação de Carreira. Conta ainda com de Bucal, Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Fonoaudiologia,
contribuições de artistas, músicos e contado- Prevenção de Acidentes e Primeiros Socorros Na Infância e
res de história. Adolescência, inter-relacionando aspectos biológicos, men-
Integram as discussões do terceiro capí- tais e socioemocionais.
tulo, Formação Integral como facilitadora da Como pode ser visto por quem chegou até esse ponto do
Educação Acadêmica, não só os diferentes nosso artigo, procuramos incluir em nosso “manual” todas
aspectos da Educação (ambiental, financei- as áreas que, na contemporaneidade, dão suporte às experi-
ra, espiritual, carreira, colaborativa, sexual ências, conflitos e desafios da família e da escola em busca
e também para a morte e a finitude), mas de equilíbrio, crescimento e desenvolvimento, tanto dos pais
também a visão de especialistas em Educa- e educadores quanto dos filhos e alunos. Lembrando, mais
ção Infantil, Desenvolvimento Cognitivo, uma vez, que nossos colaboradores foram convidados a parti-
Construção da Leitura e Escrita, Redação, cipar por sua larga experiência e estudos constantes.
Matemática e demais Ciências Exatas, Geo- Imaginamos que, quanto mais jovens forem seus filhos,
grafia, História, Educação Física, a lida com mais você se beneficiará de sua leitura, mas se estes já estão
filhos que são pessoas vivendo com deficiên- criados, nosso livro poderá ser um presente interessante para
cia (PCD), o papel da educação inclusiva e o pessoas de seu relacionamento, que estejam responsáveis
trabalho da APAE em Uberaba. Trata-se de pela importante missão de educar filhos, netos, sobrinhos,
um verdadeiro diálogo aproximativo entre a enteados e alunos.
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