Page 101 - REVISTA MULHERES_ULTIMA EDÇÃO
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Liana Marzinotto – Como foi sua infância e adolescência?
Eduardo Semerjian – Era uma criança sensível e doce,
mas que “aprontava pra caramba”. Tinha gostos estra-
nhos e um deles era uma fixação por observar a explo- Foto: Cristiano Bizzinotto
são de ovos. Quem sofria eram nossos vizinhos da rua
Augusta em São Paulo. Eu atraia alguns gatos com lin-
guiça e quando chegavam, eu jogava os ovos (risos) ora
acertava, ora errava. O mesmo eu fazia tentando acertar
os ovos entre os espaços da janela de vidro da nossa
vizinha, dona Mercedes.
Como adolescente era muito magro, cabeludo (risos) e
muito tímido. Minha timidez atrapalhava a relação com
as garotas, pois tinha dificuldade em demostrar senti-
mentos. Tinha preguiça de estudar e ficava sempre de
recuperação, era quando nas férias, eu estudava e con-
seguia boas notas para passar de ano (risos). Saía pou-
co para não gastar muito. Eu estudei em bons colégios
como bolsista e esta situação me proporcionou uma
ótima educação formal, mas socialmente, uma desvan-
tagem. Meus melhores momentos eram jogando bola.
Liana Marzinotto – E hoje, como é
o Eduardo adulto?
Eduardo Semerjian – Quando ti-
nha cinco anos, uma vez perguntei
à minha mãe porque meus irmãos
tinham personalidades marcantes,
assertivas e eu não. Ela me deu a
seguinte resposta: Eles não têm
personalidades mais marcantes do
que você, eles têm personalida-
des diferentes de você. Continuo
sensível, mas é uma sensibilidade
com maior maturidade de forma
que crio minhas defesas, que não
Foto: Cristiano Bizzinotto me deixa tão exposto e me permite
maior discernimento. Depurei mi-
nha sensibilidade para ser quem
sou hoje.
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