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A leitura do livro: “Viagem pelo
Brasil 1817 – 1820” de Spix e Martius,
nos dá oportunidade de acompanhar
todos os percalços de uma expedição
ampla e profícua dos naturalistas que
acompanharam a Imperatriz Leopol-
dina em sua chegada ao Brasil, com
especiais encargos de dar lume às ri-
quezas naturais americanas, quebran-
do o cerco e fechamento verificado
até então. Assim iniciaram viagem
pelo território brasileiro, recolhendo
espécies da flora e fauna, como tam-
bém curiosidades etnográficas, no-
tícia minuciosa sobre fatos vividos e
verificados e posteriormente, de volta
à pátria, preparar exposições e teses
científicas. Uma viagem ao desconhe-
cido, contando com o apoio imperial
e capacidade própria de enfrenta-
mento das diversas situações inusi-
tadas. Muitas vezes foram chamados
pela população local para resolver
problemas de saúde e administrar
medicamentos em várias situações.
Quando terminou a pesquisa
e já de volta ao seu país, Von Martius
escreveu: “... Dentro em minh’alma,
bendizia eu o século futuro, que verá
a mais majestosa caudal da terra, ha-
Desenho de Bruno Oliveira bitada por homens livres e felizes, e
dei as mais ardentes graças ao Ente
todo de amor, que me havia guia-
do através de tantos perigos, prote-
“Fundida em 1846, em uma das muitas oficinas especializadas de sua gendo-me acima e dentro desse rio
pátria, a estátua, ao que se diz, é reprodução perfeita de um dos famosos “Cristo a cujas águas amarelas de novo me
na Cruz”, devidos ao pincel ou ao buril do celebre gravador, pintor e escultor de entreguei.” Essas palavras revelam o
Nuremberg, Albert Durer (1471 – 1528)” Santos, Paulo Rodrigues – Tupaiulândia significado dessa experiência em solo
– Santarém/Pará. brasileiro distante e diferente da co-
Este mesmo autor – Santos, Paulo Rodrigues – traz as próprias palavras nhecida pátria mostrando-nos quão
de Von Martius sobre o “Cristo Crucificado”. Vejamos: “A obra saiu excelente fragilizados estavam e quão recon-
e a contemplei com profunda emoção, pensando no modo pelo qual só por fortante seria sentir a proteção divina
um milagre, fui salvo do Rio Amazonas. Se a contemplação desse Crucifixo em amparando-os durante todo o tempo.
alguns devotos despertar uma piedosa comoção, terei feito alguma coisa pela
raça americana à qual sinto nada mais poder dedicar senão votos piedosos.” E
acrescenta: “Há muitas pessoas, católicas e protestantes, que não sabem como
se pode desenvolver no cérebro e no coração de um naturalista a ideia do Salva-
dor do Mundo, a ponto de ser base de sua existência espiritual; a isso se chama
filosofia do século XIX”.
Mulheres Ed. 25 - 169
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