Page 25 - REVISTA MULHERES_ULTIMA EDÇÃO
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Ela veio pra cá e passou anos fazendo praticantes pagam o que podem. Se podem pagar R$ 250,
equoterapia”, afirma. Agora, é a vez do pagam. Se não, não pagam. Ninguém deixa de fazer por
neto começar as atividades. A institui- conta disso”, conta. O significado do projeto está acima de
ção desenvolve um trabalho social para qualquer valor. Para arrecadar fundos, voluntários se des-
melhorar a vida de praticantes (como dobram em eventos como Dia da Pizza, Almoço Solidário,
são chamados aqueles que treinam cavalgadas, entre outros.
equoterapia) com diversos distúrbios, Todo o esforço é válido porque os benefícios são múl-
como sensoriais, motores, educacionais tiplos. De acordo com a fisioterapeuta Simone Arriagada,
e psicocomportamentais. “Atendemos o movimento do cavalo é importante para desenvolver a
pessoas com autismo, Síndrome de modulação tônica, o ganho de força muscular, a melhora
Down, deficiências na fala, entre ou- da postura e do equilíbrio, a coordenação motora grossa e
tros”, explica. fina, além de estimular a sensibilidade tátil, visual e olfa-
Chega mais longe quem vai em gru- tiva. “Montar a cavalo também contribui para aumentar a
po. Assim, o trabalho é realizado em autoestima e a sensação de bem-estar e estimular a afetivi-
equipe, composta por caseiro, secretá- dade através do contato com o animal”, relata. As sessões
ria, dois guias (profissionais que puxam são realizadas uma vez por semana, conforme recomenda-
os cavalos nas atividades) e três fisiote- ção da Associação Nacional de Equoterapia, e duram cerca
rapeutas. Além deles, há estagiários das de 30 a 45 minutos, dependendo do objetivo proposto a
graduações de Fisioterapia, Psicologia, cada praticante. “Geralmente, demora cerca de seis meses
Zootecnia, Agronomia e Medicina Vete- para ver os primeiros resultados. Portanto, recomendamos
rinária. Eles atendem cerca de 50 pra- pelo menos um ano de tratamento para dar alta.”
ticantes. “Eles chegam com solicitação Simone faz parte da A.M.E. há 15 anos e já vivenciou
médica, seja do SUS, seja particular, e diversos momentos inesquecíveis. Um deles foi através de
passam por avaliação do fisioterapeuta uma criança com paralisia cerebral. “Ela não anda nem senta
e da psicóloga”, explica. sozinha, mas sempre estampa um super sorriso quando che-
Segundo Acê, a A.M.E. tem um cus- gava no atendimento. Ela ama montar e adora dar cenoura
to mensal de R$ 13 mil, destinado a ali- para o Curió. Chega a gargalhar com o jeitão meio bruto de
mentação e medicamentos dos animais, comer dele. Muitos teriam medo, no entanto ela simples-
contas e salários dos funcionários. Ela mente adora este momento”, descreve. Situações como essa
é mantida por doações da comuni- fazem a fisioterapeuta refletir sobre a vida, querer fazer mais
dade e dos próprios praticantes. “Os pelo próximo e valorizar a simplicidade do cotidiano.
Equipe é unida para proporcionar desenvolvimento aos
praticantes. Foto: Maurício Farias
Guilherme apresentou grande evolução na
equoterapia. Foto: arquivo pessoal
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