Page 30 - REVISTA MULHERES_ULTIMA EDÇÃO
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Alex Ferreira se lembra perfeitamente do
                                                                          dia em que colocou os pés na Apae pela pri-
                                                                          meira vez. Tinha 22 anos e era recém-forma-
                                                                          do em fisioterapia. Chegou com muito medo
                                                                          e insegurança. Na mesma medida, entrou
                                                                          com dedicação e vontade de aprender. O de-
                                                                          sempenho dele chamou a atenção da equipe
                                                                          e logo foi convidado para a coordenação e,
                                                                          depois, direção. Nunca pensou em trabalhar
                                                                          por tanto tempo no mesmo local.  “Quan-
                                                                          do você entra aqui, fica difícil sair”, explica.
                                                                          Hoje, ele é diretor clínico. “Nossa luta é diária
                                                                          para proporcionar saúde, educação, transpor-
                                                                          te, bem-estar e inclusão.” Tudo tem seu preço
                                                                          e, neste caso, é bem alto.   O custo gira em
                                                                          torno de R$ 550 mil por mês. “A Apae não
                                                                          é  pública  e  não  tem  dinheiro  pré-definido.
                                                                          Sobrevive de convênio com o poder público,
                                                                          emendas parlamentares, eventos e doações.”
                                                                          É  suficiente?  Não.  “Nós  somos  audaciosos.
                   Virgínia, Alex e Vaniana posam na festa de 50 anos     Comprometemos mais do que temos porque
                   da Apae                                                somos exigentes e queremos prestar o me-
                                                                          lhor serviço possível.”
                                                                             Os desafios não terminam nas finanças. A
                                                                          luta é incessante pelos direitos e deveres das
                                                                          pessoas  com  deficiência.  “A  gente  quer  que
                                                                          elas não sejam tratadas com a deficiência, mas
                                                                          dentro da capacidade que possam ter”, conta o
                                                                          diretor clínico. A equipe faz o máximo para que
                                                                          eles possam ser menos dependentes do siste-
                                                                          ma, do governo, da família e, com isso, conquis-
                                                                          tem autonomia e autoestima. “A Apae lapida o
                                                                          que eles têm de bom e esquece o que não têm.”
                                                                             Uma das formas para incentivar a inde-
                                                                          pendência é através do Centro Dia “Profes-
                                                                          sora Silvana Elias”. O Centro Dia é uma casa,
                                                                          com quarto, cozinha e sala, montada com
                                                                          diversos móveis, equipamentos e utensílios.
               Maria de Lourdes Fedrigo (ao centro) é a funcionária mais
               antiga. Na festa de 50 anos recebeu homenagem das mãos     Os alunos são treinados, por exemplo, a usar
               do secretário municipal de saúde Sétimo Bóscolo            forno e fogão sem deixar o gás vazar, passar a
                                                                          roupa sem se queimar, arrumar a cama sem
                                                                          se machucar. São ações simples do cotidiano,
                                                                          entretanto  representam  uma  evolução  múl-
                                                                          tipla.  Em  outras  palavras:  menos  traumas  e
                                                                          mais dignidade. “Existem alunos que chegam
                                                                          a um ponto onde não há mais salas para re-
                                                                          cebê-los, pois o desenvolvimento deles, de
                                                                          certa forma, está estabilizado. Eles estão en-
                                                                          velhecendo, assim como os pais que, infeliz-
                                                                          mente, estão morrendo. Então, eles precisam
                                                                          ser acolhidos por outras pessoas e nem todas
                                                                          têm a possibilidade de tratá-los bem e com




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