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Cartas internacionais




               exclusão de votantes e interferência estrangeira. Trump explorou uma reação racista
               contra a eleição de Barack Obama, o primeiro presidente negro dos EUA, além da miso-
               ginia, xenofobia, antissemitismo e homofobia.
                      Trump também explorou a raiva gerada pelo declínio do padrão de vida, a ero-
               são de confiança no governo, nos meios de comunicação de massa e em outras institui-
               ções políticas e sociais. Ele explorou o medo de muitos eleitores brancos com relação a
               alterações demográficas raciais.
                      Um setor extremamente reacionário de bilionários de Wall Street, a indústria
               de combustíveis fósseis, as corporações militares, os fabricantes de armas, fundamenta-
               listas religiosos, uma mídia de direita robusta, supremacistas brancos e forças fascistas
               apoiaram Trump.

               Características do autoritarismo e do fascismo nos EUA
                      A presidência de Trump é a mais corrupta, instável e permeada por crises da his-
               tória dos EUA. Trump levou a nação a uma série de crises constitucionais e democráticas.
                      Ele abraça abertamente supremacistas brancos e fascistas armados, insistindo
               em que eles “libertem” os governos dos estados controlados pelos democratas, e finge
               não ver a violência. Ele envenena a atmosfera nacional com xenofobia e racismo antine-
               gros e anti-imigrantes. Isso levou a um pico de crimes de ódio, violência e assassinatos
               de negros estadunidenses e ao encarceramento e deportação de imigrantes.
                      A presidência de Trump leva a marca da versão estadunidense de um governo
               de terror, de um Sul pós-reconstrução, com partido único, leis de segregação racial e
               repressão violenta contra negros e outras minorias raciais por trás de um verniz de insti-
               tuições democráticas. A novidade é a intolerância contra muçulmanos, o deslocamento
               do alvo para imigrantes centro-americanos e mexicanos e a narrativa de que mexicanos
               são estupradores, usada para incentivar a pior forma de patologia racista.
                      Logo depois da sua absolvição na farsa do julgamento de impeachment no Se-
               nado estadunidense, em que respondeu por acusações de extorsão para manipular as
               eleições de 2020 e de obstrução ao Congresso, Trump acredita estar acima da lei e vem
               expurgando aqueles que vê como desleais nas agências governamentais, incluindo apa-
               ratos de segurança nacional.
                      Trump consolidou sua influência no Partido Republicano, que busca se consa-
               grar como força governante permanente, mesmo sendo um partido minoritário. Os re-
               publicanos estão atingindo esse objetivo principalmente por meio da supressão maciça
               de votos e de um projeto de reversão nas mudanças demográficas históricas.
                      Centenas de macetes políticos de extrema-direita foram instalados pelo Senado  Revista Princípios      nº 159     JUL.–OUT./2020
               dominado por republicanos por intermédio do Judiciário, incluindo a Suprema Corte,
               alinhando o sistema judicial aos objetivos políticos da direita.
                      O onipresente ecossistema midiático de direita apoia e aconselha Trump, en-
               quanto constrói uma seita em torno dele. Milhões de seguidores devotos aceitam doses
               diárias da propaganda tóxica que emana da Casa Branca.
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