Page 26 - REVISTA BOAS RAZÕES ED 06
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BR    COMPORTAMENTO


         O FILME DA












          Texto Suki Ozaki  Foto Arquivo



           O     s meus, os teus e os nossos”, “Amores
                 improváveis”, “A vida como ela é” ou “A
                 história de nós dois”  seriam títulos de filme
                 que caberiam na história da minha vida
          (Suki Ozaki, 55) com o Eduardo Cabral (59), que
          este ano completará Bodas de Prata, desde que
          nos reencontramos em Paris, em 1997.
            Tudo começou em 1979 quando eu tinha 13
          e ele 16 anos. Eu morava em Manaus e ele em
          Angatuba, interior de São Paulo. O irmão dele se
          correspondia com uma amiga da escola e como
          ela sempre falava empolgada do correspondente,
          perguntei se ele não teria um irmão. E ele tinha.
          Assim, começamos a trocar cartas. E era uma
          felicidade olhar na caixa do correio toda semana e   Quando completei 20 anos, me casei e fui
          encontrar um envelope endereçado a mim.          morar na França. Eduardo também tocou a vida e
            Quando completei 15 anos eu troquei a festa de   casou-se, aos 24. Eu tive duas filhas francesas e
          debutante com todas as pompas por uma viagem     ele, um casal. Nunca mais tivemos notícias um do
          para São Paulo e Rio de Janeiro, pois eu nunca tinha   outro e quando deixei o Brasil, eu joguei fora todas
          saído de Manaus e, é claro, conhecer o Eduardo   as cartas dele.
          fazia parte do roteiro.                             A vida seguiu seu curso até que em 1996 eu
            Assim, nos encontramos em Pindamonhangaba      me separei e Eduardo também, no mesmo mês,
          (SP), onde morava uma tia. Cercados de primos e   quase no mesmo dia. Eu morava na França e ele em
          amigos, nos vimos pela primeira vez em uma praci-  Campo Grande (MS). Foram tempos difíceis para
          nha e foi aquela paixão fulminante de adolescente,   ambos, com filhos pequenos e com a separação.
          que dava frio na barriga e tudo. Ficamos dois fins   Em setembro de 1997, numa madrugada, eu
          de semana juntos, sempre vigiados de perto pela   recebi um telefonema às 2h da manhã.
          família. Mas, o tempo não perdoa, os dias voaram e   – Sabe quem está falando? Eu não sabia, só
          as férias acabaram em promessas de amor eterno,   estava muito brava pelo fuso horário, mas logo
          quando cada um voltou para seu lado.             me acalmei quando ele disse quem era. Varamos
            E o que tinha começado com grandes labaredas   a madrugada conversando ao telefone e nos dias
          acabou, também, com o passar do tempo, em        seguintes, continuamos o papo em longos interur-
          fagulhas que não conseguiram resistir aos quase   banos que custavam uma fortuna. Para economizar,
          4 mil km de distância que nos separavam.         comprei um fax e a correspondência continuou.
            Os anos passaram e continuamos a nos cor-      Em novembro, Eduardo voou para Paris onde ficou
          responder, as cartas eram menos frequentes, mas   por 10 dias. O reencontro no Aeroporto Charles De
          ficou a amizade e o carinho.                     Gaulle foi coisa de cinema, o coração acelerado
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