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Compromisso sério,
em meio à alegria
Nilson Monteiro
Em Toledo, em seu oitavo encontro estadual, as academias de letras de todo o
estado começaram a pôr as manguinhas de fora: não se contentaram em curtir a
programação artística e cultural, normalmente elaborada a cada ano pela entidade
que sedia a reunião, mas elaboraram, aprovaram e divulgaram a "Carta de Toledo",
especificando não só um chamamento às responsabilidades de cada entidade
participante, mas também com reivindicações ao poder público, em propostas
concretas às autoridades estaduais e municipais para beneficiar o cultivo da literatura
e das artes paranaenses.
Algo mudou para todos os envolvidos neste encontro presidido por Bruno
Marcos Radunz, de 12 a 13 de outubro de 2013. Para os representantes da academia
anfitriã e das Academias de Letras Cascavel, Maringá, Campo Mourão, Guarapuava,
Paranavaí, Umuarama e Irati, além de a Academia Paranaense de Letras, Academia
8º Encontro de Academias de Letras, Ciências e Artes do Paraná
Paranaense de Poesia, Centro de Letras do Paraná, Centro Paranaense Feminino de
Cultura, União Brasileira de Trovadores – Seções de Curitiba e Maringá e Clube da
Poesia de Toledo, presentes ao encontro, restou claro que acadêmicos não podem
desenvolver atividades tendo compromisso apenas com o beletrismo.
A participação evoluiu, com a presença em debates e outras programações de
cerca de 60 escritores, poetas, jornalistas, professores e agentes culturais, na condição
de dirigentes, membros e convidados das instituições inscritas, de diversas regiões do
estado. Ao final, esta participação se manifestou em dois documentos, aprovados por
unanimidade, dirigidos às autoridades estaduais e municipais, com reivindicações e
posicionamentos em relação às questões culturais, além de propostas de ações
dirigidas às próprias instituições.
O final da Carta de Toledo, documento comum aos participantes, não poderia
ser mais conclusivo sobre a responsabilidade de todos: "o crescimento e
aprimoramento do ser humano passam também pelo desenvolvimento cultural em
todos os sentidos, na literatura e nas artes, no natural exercício de comunicação nas
mais diversas relações de convivência. Como acadêmicos e acadêmicas, temos a
responsabilidade de zelar pelas letras e palavras, mas, sobretudo de fazer uso destes
instrumentos em prol do ser humano e das transformações sociais".
A receita do evento incluiu debates sobre os desafios de escrever, editar,
divulgar e comercializar livros, nas pequenas e grandes cidades do Paraná, assim como
sobre a apresentação de projetos e iniciativas pioneiras ou inovadoras de academias
na promoção da literatura e da cultura em geral e no apoio a autores locais. Foram
também apresentadas propostas de intercâmbio entre as instituições e de ações
conjuntas voltadas ao fortalecimento das academias de letras.
Houve, claro, a receita cultural do encontro. No dia 12, pela manhã, as
secretárias Geni Fabris e Rosselane Giordani proferiram palestra sobre "A história, a
estrutura e as atividades culturais da Capital da Cultura do Oeste do Paraná", relatando
projetos especiais voltados às crianças e adolescentes carentes de bairros da cidade. À
tarde, o escritor e acadêmico Marcelo Grondin Nadon falou sobre "Toledo no início da
colonização do Oeste do Paraná"; Moema Líbera Viezzer, conselheira estadual de
Cultura e membro da ALT, destacou as funções e atividades do colegiado, e Bruno
Marcos Radunz lembrou o lançamento do livro "Fernando Collor de Mello – o Mito"
(no mínimo, historicamente, serve como lembrete de que este "pseudônimo" não é tão
novo).