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pela doença, sendo que, destes, 25-30% apresentaram casos assintomáticos; muitas
das mortes foram causadas não diretamente pela Gripe Asiática, mas por eventuais
infecções bacterianas secundárias, o que acabava por vitimar principalmente
indivíduos muito novos ou muito idosos.
O vírus da Gripe Asiática terminou por substituir o da Gripe Espanhola, que era
o H1N1. Estima-se que a pandemia tenha alcançado seu pico no mês de outubro do
mesmo ano, segundo relatórios americanos e britânicos. Em apenas seis meses, a
doença já havia se tornado pandêmica, contaminando a maior parte dos países do
mundo; igualmente à Gripe Russa, o espalhamento da doença para a Europa se deu
principalmente graças à Ferrovia Transiberiana, na União Soviética, à época, sendo
alastrada pelo mundo pelo intenso comércio marítimo e pelo também intenso tráfego
aéreo. Além disso, a doença também alcançou outras potências através do porto de
Hong Kong, um dos mais movimentados de todo o mundo, além de claro, de sua
proximidade com o Japão, o que também facilitou a distribuição mundial da doença.
No Brasil, a doença teve seu primeiro caso registrado em agosto de 1957, na
cidade de Uruguaiana, no estado do Rio Grande do Sul; após isso, estima-se que até
mesmo 34% da população apenas da cidade de Porto Alegre tenha sido infectada
pela doença.
No Reino Unido, em dezembro de 1957, aproximadamente 3350 mortes já
tinham sido registradas na Inglaterra e no País de Gales. Já nos Estados Unidos, em
março de 1958, aproximadamente 69800 mortes já haviam sido registradas.
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No total, estima-se que um milhão a dois milhões de mortes foram causadas
pela pandemia de 1957. E ela não para por aí: 10 anos após o seu fim, em 1968, o
vírus que a causou, o H2N2 evolui novamente (vale recordar que este vírus é uma
evolução direta do H1N1, causador da Gripe Espanhola). O H3N2 surgiu em Hong
Kong, se espalhando rapidamente por todo o mundo, na que ficou conhecida como
“Gripe de Hong Kong”, sendo, no geral, parecida com a pandemia anterior; todavia,
com menor abrangência. Estima-se que ela tenha matado, no máximo, um milhão de
pessoas em todo o mundo, o que não deixa de ser um número expressivo, porém,
não tanto que nem a pandemia anterior apresentou ser.
5 ROGERS, Kara “1957 flu pandemic”. Encyclopædia Britannica
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