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A figura 3 mostra os resultados de arqueointensidade
            obtidos na Bahia. Os resultados são comparados com o                                               Figura 3 – Diagrama
            modelo de campo geomagnético histórico (Jackson et                                                 da intensidade
                                                                                                               geomagnética
            al., 2000). Cada média (sítio) foi determinada a partir da                                         versus idades (AD)
            média de diversos fragmentos (no mínimo três) e a partir                                           para todos os sítios
                                                                                                               estudados (ver
            de diversos espécimes por fragmento (mínimo de dois);
                                                                                                               tabela 1 para as
            ou seja, para cada sítio há no mínimo seis determinações                                           respectivas siglas).
            independentes de intensidade. A média leva em conta                                                A figura mostra
                                                                                                               os erros de idades
            a coerência em termos de fragmento (desvio padrão                                                  e intensidades. A
            inferior a 5%) e também a coerência em termos de sítio,                                            curva em preto
            com baixo desvio padrão quanto ao sítio.                                                           representa o
                                                                                                               modelo de campo
                                                                                                               geomagnético
            A precisão na determinação de idades em materiais                                                  determinado por
            não-datados, cujos resultados arqueomagnéticos serão   para determinação de uma curva arqueomagnética   Jackson et al. (2000).
            comparados com a curva de referência, é definida a   de referência, que é válida para toda a região Nordeste
            partir das incertezas de idade e de intensidade dos sítios   do Brasil. A partir dessa curva de referência, é possível
            estudados e da quantidade de sítios (ou médias) que   datar artefatos arqueológicos produzidos na região e
            compõem a curva. As determinações de idades variam,   que guardam um magnetismo fóssil. Algumas casas do
            portanto, em função da qualidade da curva de referência.   Projeto Pelourinho, para as quais não existem vínculos
            Quanto menor forem as incertezas nas idades e nas   diretos de idade, foram estudadas sob o aspecto
            intensidades dos sítios que compõem a curva, melhores   arqueomagnético. Nesse contexto, uma das casas
            serão as determinações de idades de sítios com idades   apresentou  resultados  arqueomagnéticos  satisfatórios,
            desconhecidas.                                   que serão mostrados aqui como um exemplo de
                                                             utilização do arqueomagnetismo como ferramenta de
            Outro fator que influencia a precisão da datação
                                                             datação arqueológica.
            arqueomagnética  é  o   número   de  elementos
            geomagnéticos disponíveis para construção da curva. Por   Na casa 27 (CP27), da rua Monte Alverne (quadra 19),
            exemplo, na França os materiais são basicamente datados   foram coletadas amostras de tijolos das trincheiras F, G
            a partir da comparação  dos elementos direcionais de   e H, oriundas da base da construção, ou seja, do mesmo
            inclinação, declinação e, em alguns casos, também   contexto arqueológico.  Todas as amostras de tijolos
            intensidade (por exemplo, Le Goff et al., 2002).  foram submetidas a duas análises magnéticas antes
                                                             das medidas de paleointensidade: a) determinação
                                                             da estabilidade da mineralogia magnética durante
            A datação da casa 27 da rua Monte Alverne
                                                             o aquecimento e b) determinação da natureza da
            Como mostrado acima, um estudo de arqueomagne-   mineralogia magnética presente nas amostras. A análise          101
            tismo sistemático foi realizado na cidade de Salvador   da estabilidade térmica da mineralogia magnética é





            Programa monumenta – IPhan
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