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e sendo como posso:
e com quem sou
andar de bicicleta, sair para pescar com meu
pai, saber assobiar e andar de cavalo de pau -
mas, a mim, cabia brincar de boneca e
casinha.
Logo nos primeiros anos de vida, não
havia uma diferença tão grande nas
brincadeiras com os pares. Lembro-me de
brincar com meninos e meninas na creche.
Porém, em algum momento da nossa infância,
alguém vira e diz que “isso não é coisa de
menina”. Nesse momento em que você não
esperava ouvir isso, você responde
simplesmente um “ok” e deixa de brincar. Foi
assim que aconteceu comigo quando quis
aprender a assoviar ou a andar de cavalo de
pau. Não que eu não achasse legal brincar de
maquiagem, salão de beleza ou de panelinha,
mas a questão é que era chato só fazer isso.
Mainha diz que queria ter uma menina para
fazer companhia para ela em casa, mas eu
queria ganhar o mundo sempre que podia.
Meu pai ia para roça de carro e eu tinha todo
o prazer do mundo em acordar 5:00 da
manhã e no seu Gol quadrado preto ir
ouvindo Roberto Carlos, Raul Seixas ou Zé
Ramalho, alimentar os bichos e voltar para
casa. Sempre que meu pai abria a garagem,
eu ia correndo ver para onde ele estava indo,