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olhos, após o nascimento, foram direto aos ela diz que apagou, depois do parto, mas
dela e foi amor à primeira vista. Uma que nos dias seguintes não havia tempo
criança tranquila como ela queria, apesar para descanso, pois tinha mais dois filhos
de muito faminta, que só se acalmava com para cuidar, enquanto o meu pai
o peito. trabalhava o dia todo.
A amamentação para ela foi A maternidade é um fato que
incômoda na primeira semana, mas depois reestrutura a vida e os papéis exercidos
foi tudo tranquilo. Ela conta que me pela mulher. Quatro gravidezes e três
pegava em qualquer lugar para dar mama: partos promoveram grandes mudanças na
na rua, na rede, na cama - em qualquer vida da minha mãe. Hoje, ela diz que não
canto que eu quisesse tinha peito. O sabe como seria a vida dela se não pudesse
processo de desmame foi muito ser mãe.
complicado, segundo os relatos da minha
mãe. Minha alimentação era apenas o leite
materno até 1 ano e 10 meses. Já andava e
falava umas coisinhas. Ela passou café e
dipirona no peito, mas eu descia do seu
colo chorando, pegava uma fralda, limpava
o peito e continuava a mamar. Um dia, ela
passou mel. Fui pegar a fralda e não
consegui limpar. Chorei muito e aceitei a
mamadeira (até hoje eu sinto nojo de mel).
Depois daquele dia ela conta que eu nunca
mais quis o peito, pois sou cismada desde
sempre, seja por esconder o sexo até a hora
do nascimento, seja por orgulho de não
aceitar mais mamar.
Mainha conta também das
dificuldades em dar conta dos outros filhos
e dessa nova criança. Em cada gestação há
uma mãe diferente, de fato. Mas o cansaço
está presente, nesse momento, quando
não há mais tempo para si. Quando lhe
pergunto sobre o sono nesse processo, ela
A mãe e o filho, por Gustav Klimt.