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Invicta Film


                     Alfredo Nunes de Mattos ocupa o cargo de gerente-técnico dentro do Conselho de Administração da
               Sociedade que, por sua vez, contrata para director artístico da empresa Henrique Ferreira Alegria, homem já
               ligado a negócios cinematográficos, pois a ele se devem a construção e exploração do cinema “Olympia”, do
               Porto, que à data da sua   inauguração, em 18 de Maio de 1912, ostentava  o nome pomposo de “Olympia
               Kinema-Teatro”. Todo o pessoal técnico da antiga firma de Nunes de Mattos passa para a nova sociedade que
               se encontra, assim, apta a funcionar antes mesmo da construção e equipamento dos projectados estúdios.

























                                  Alfredo de Mattos                       Henrique Alegria                             Geoges Pallu

                     Em 1918, Alfredo Nunes de Mattos e Henrique Alegria partem para Paris com o encargo de adquirirem
               o melhor material técnico  e contratarem pessoal especializado. Entretanto, tornava-se necessário obter um
               local para a implantação  do novo complexo  industrial.  Depois  de  várias pesquisas, foi decidido comprar a
               “Quinta da Prelada”, sita ao Carvalhido, no Porto, propriedade da “Santa Casa da Misericórdia”. A transacção
               foi feita por 27.161$00. Os terrenos tinham uma área de 50.000 metros quadrados. Em tempos recuados a
               casa e  “Quinta da Prelada”  pertenceram à família  dos Noronhas, tendo sido reformadas, em 1770,  pelo
               arquitecto italiano Nicolau Nazoni.

                     Com tudo pronto para a grande arrancada começa a construção dos estúdios e laboratórios da Prelada,
               cuja conclusão só se  verificaria em 1920.  Isto não impediu, no  entanto,  que  a  “Invicta Film”  iniciasse, de
               imediato, a produção de filmes de enredo e longa-metragem. Por contrato com a casa “Pathé-Fréres”, esta
               então famosa produtora francesa obrigava-se a fornecer o filme virgem necessário, tirar cópias, fornecer
               material e mesmo fazer  a montagem dos negativos. Em  meados de  Maio de  1918, já quase  todos os
               elementos contratados em França se encontravam no Porto. E, no mês seguinte, iniciava-se a filmagem, sob a
               direcção de Georges Pallu, de “As Aventuras de Frei Bonifácio”, adaptação de um conto ainda inédito de Júlio
               Dantas.  Em 4 de Outubro de 1918, o filme (com duas partes  -  800 metros)  faz a sua estreia no cinema
               “Olympia”, de Lisboa. Foi seu protagonista o actor Duarte Silva que, por muito tempo, se conservou ao serviço
               da “Invicta-Film”.























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