Page 122 - Teatros de Lisboa
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Teatro Moderno
A Companhia “Theatro Moderno” teve, contudo, uma existência ainda mais efémera do que a sua
antecessora, durando apenas o mês de Julho de 1905. Sob a direção artística de Araújo Pereira, destacou-se
por ter levado à cena um repertório exclusivamente português, com textos de Ramada Curto (“O Stygma”),
Carrasco Guerra e Eloy do Amaral (“Mau Caminho” ), Bento Mântua (“Novo Altar”), Mário Gollen
(“Degenerados”), Afonso Gayo (“Quinto Mandamento”), Amadeu de Freitas e Luís Barreto da Cruz (“A Lei
Mais Forte”).
Quanto ao “Theatro Moderno”, pode-se ler na revista “Construção Moderna”, nº 21 de 10 de Fevereiro
de 1908, a propósito do motivo do seu aparecimento e projecto da autoria de Ernesto H. Vieira Dias :
«No largo do Rato, á direita, ao entrar na rua da mesma denominação ha um corredor que vae dar a
uns terrenos, onde ha proximamente dois annos existia um elegante theatrinho de madeira, que um fogo
destruiu em poucos momentos, reduzindo á miseria um modesto, bem conhecido e estimado artista, o actor
Santos Junior, que ali tinha o resultado de todas as suas economias, pois que, nem edificios, nem scenario,
mem as outras diversas alfaias de theatro tinha no seguro.
Achou-se de repente, pois, o desditoso artista, collocado n'uma precaria situação, a que procurou valer-
lhe alguns amigos, o que ainda assim não era senão paliativo que não remedeiavo por completo, tão grande
infortunio, quando sua madrinha, a Sra. D. Antonia Barbosa da Cunha, com grande abnegação e desinteresse
procurou valer ao infortunio de seu afilhado, mandando construir-lhe á sua custa, um outro theatro em muito
melhores condições technicas e de esthetica, sendo convidado para elaborar o projecto e dirigir todos os
trabalhos da construção, o já nosso citado amigo, sr. Ernesto H. Vieira Dias, cuja competencia por todos é
reconhecida.
Entretanto na apreciação do projecto, diremos que este será executado no bairro da Avenida D. Amélia,
no terreno com frentes sobre a rua da Senhora do Resgate e Regueirão dos Anjos, medindo a area 655 m2.»
A revista “Construção Moderna”, rematava a descrição pormenorizada desta casa de espectáculos …
«Possuirá, enfim, o edifício projectado, todas as modernas condições de hygiene e conforto exigidas em casa
de espectaculo d'esta ordem, dando assim razão ao seu titulo de Theatro Moderno.»
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